Cinema marginal em DVD!

Olhem que bela notícia para os cinéfilos interessados no resgate e preservação do cinema brasileiro – e principalmente para o público que nunca teve acesso fácil a essa importante era da nossa cinematografia. Uma coleção de DVDs com 38 filmes do chamado “cinema marginal” começa a ser lançada em maio, através de uma parceria entre a Lume Filmes e a Heco Produções.

No primeiro volume, está o clássico subversivo, metalinguístico, revolucionário – ou simplificando numa só palavra: indescritível – “Bang Bang”, de Andrea Tonacci. Abaixo, o release com as informações completas. É para soltar rojões!



LUME FILMES E HECO PRODUÇÕES CRIAM UM SELO DE CINEMA BRASILEIRO E LANÇAM EM HOME VIDEO A MAIS AGUARDADA COLEÇÃO DE FILMES DOS ÚLTIMOS ANOS NO BRASIL, COM 12 DVDS, UM TOTAL DE 38 FILMES PRODUZIDOS DESDE A DÉCADA DE 1960.

PRIMEIROS 4 LANÇAMENTOS TRAZEM CLÁSSICOS DE ANDREA TONACCI, ROGÉRIO SGANZERLA, ELYSEU VISCONTI E ANDRÉ LUIZ OLIVEIRA. OUTROS REALIZADORES QUE FARÃO PARTE DA COLEÇÃO: CARLOS REICHENBACH, JOSÉ AGRIPPINO DE PAULA, JOÃO SILVÉRIO TREVISAN, JÚLIO BRESSANE, GERALDO VELOSO, JAIRO FERREIRA, JOÃO CALLEGARO, OZUALDO CANDEIAS ENTRE OUTROS.

Parceria estabelecida entre a LUME FILMES e a HECO PRODUÇÕES cria um selo de cinema brasileiro que estréia com o lançamento de doze DVDs (totalizando 38 filmes) que irão compor a histórica COLEÇÃO CINEMA MARGINAL BRASILEIRO. Os quatro primeiros DVDs trazem filmes de Andrea Tonacci, Rogério Sganzerla, André Luiz Oliveira e Elyseu Visconti.

O DVD 1, Andrea Tonacci, contém o longa-metragem “Bang bang” (1971), o média-metragem “Blá, blá, blá” (1968) e o curta-metragem “Olho por olho” (1966), e nos extras há um depoimento inédito de Tonacci e uma palestra inédita do crítico Ismail Xavier. O DVD 2, Rogério Sganzerla, contém o longa “Sem essa, Aranha” (1970) e os curtas “Histórias em quadrinhos” (1969, em parceria com Álvaro de Moya) e “A miss e o dinossauro – Bastidores da Belair”, finalizado por Helena Ignez em 2005, como extra há uma extensa entrevista inédita de Sganzerla. O DVD 3, Elyseu Visconti, contém o longa-metragem “Os Monstros e Babaloo” (1970) e o curta-metragem “Ticumbi” (1978), nos extras há um depoimento de Elyseu Visconti e outro de Fernando Coni Campos, além dos curtas documentais “Boi Calemba” (1979), “Cavalo Marinho” (1979) e “Feira de Campina Grande” (1979). O DVD 4, André Luiz Oliveira, contém o longa-metragem “Meteorango Kid, o herói intergalático”, os curtas “Doce amargo” (1968) e “A fonte” (1970), nos extras há um depoimento inédito de André Luiz Oliveira e o curta-metragem “O Cristo de Vitória da Conquista” (1981).

Os DVDs trazem longas, médias e curtas-metragens, entrevistas e palestras inéditas com realizadores, críticos e/ ou ensaístas. Um encarte na forma de um livrete de 16 páginas, já editado de acordo com a nova reforma ortográfica da língua portuguesa, acompanhará cada unidade de DVD, com textos e imagens inéditos: vasto material iconográfico, ensaios sobre o movimento, artigos críticos, sinopses e fichas técnicas sobre os filmes lançados e uma biofilmografia dos autores das obras, mantendo o ineditismo e o consagrado padrão de qualidade alcançado ao longo dos últimos anos pela HECO PRODUÇÕES e pela LUME FILMES.

A paixão pelo cinema autoral é o que move a parceria entre a LUME e a HECO na concretização deste selo de cinema brasileiro, inaugurado com o lançamento de 38 filmes distribuídos em doze DVDs, que serão lançados a cada dois meses ao longo do ano de 2009, compondo a Coleção Cinema Marginal Brasileiro. Excepcionalmente na estréia da coleção, serão lançados quatro volumes em DVD em duas unidades da Livraria Cultura, em São Paulo. No dia 2 de maio de 2009 (sábado) na unidade Villa Lobos a partir das 15 horas, e no dia 6 de maio de 2009 (quarta-feira) na unidade Pompéia às 19h30. Ambos os dias com exibição de filmes, debates, coquetel de lançamento e sessão de autógrafos.

A coleção apresenta obras pouco vistas, principalmente pelas novas gerações, já que parte dos filmes não chegou a ser lançado comercialmente. São filmes produzidos por cineastas que encontraram no cinema autoral um caminho eficiente de realizá-los. Despreocupados com as bem comportadas fórmulas narrativas e estéticas, esses cineastas conseguiram, com poucos recursos, extravasar seus anseios e produzir obras de primeira grandeza para a história do cinema brasileiro. É notável a irreverência e a genialidade desta geração de cineastas, que legaram importante e criativa contribuição para o cinema nacional.

A denominação “Cinema Marginal” é controversa, até mesmo para alguns dos cineastas associados a esse movimento. Pode se revelar uma redução ou um nome que não dá conta da invenção formal e do teor de experimentação de boa parcela dos filmes que se costumou incluir nesta tendência. O conjunto dessa produção poderia também receber o nome de Cinema Poesia (como prefere Júlio Bressane), Cinema Underground, Cinema Experimental, Udigrúdi (avacalhação do Underground americano inventada por Glauber Rocha), ou Cinema de Invenção (criado por Jairo Ferreira). No entanto, a designação Cinema Marginal persiste e sugere algo a respeito da produção à margem do cinema brasileiro do período e do seu contexto: um país marcado pela guerrilha urbana em resposta àquele que foi o período mais negro da ditadura.