Poder Sem Limites

Poder Sem Limites chegou sorrateiro aos cinemas e se tornou um sucesso inesperado nas bilheterias americanas. Já no Brasil, a história de três amigos que ganham superpoderes não pegou e o longa já está saindo de cartaz após menos de um mês em exibição.

 

Uma tremenda injustiça, pois trata-se de uma aventura eficiente e que traz novo fôlego ao gênero de filmes de super-heróis – e sem ser exatamente um filme de super-herói. A gênese está lá, especialmente em como surgem os heróis e os vilões (esses, em especial). Mas é mais como se Peter Parker pertencesse à geração do “Jack-Ass” que qualquer outra coisa.



 

O diretor estreante Josh Trank faz uso do formato câmera na mão e filmagens encontradas (ou produzidas para “colocar no YouTube”, que seria mais o caso) já tão explorado por filmes como “A Bruxa de Blair”, “Cloverfield” (texto) e “Atividade Paranormal”. Aqui, ele brinca a valer com essa estética suja, de imagens tremidas e com cortes brutos entre uma cena e outra, fazendo usos inventivos que sua história permite, especialmente a cada nova habilidade especial descoberta pelos personagens.

 

O cineasta também aposta que o público já assimilou a lógica desse tipo de filme e não se importa em, por exemplo, deixar pelo caminho personagens com quem o espectador já pode ter se identificado. O que num filme convencional tenderia a se tornar um evento, com direito a câmera lenta e acordes altos, em “Poder Sem Limites” se resume a imagens desfocadas e sons desconexos seguidos de uma tela escura. A tensão fica suspensa por trás do ruído.

 

Trank e o roteirista Max Landis forçam um pouco a barra na hora de justificar o uso da câmera em primeira pessoa a todo o momento, como por exemplo na personagem da blogueira que serve de interesse romântico para um dos protagonistas. No entanto, a dupla encontra um uso genial do conceito na realização da principal cena de ação do filme, quando imagens originadas dos mais variados tipos de câmera são utilizadas para narrar o evento que finalmente aproxima aqueles garotos de serem algum tipo de super-herói.

 

Mas eles não saíram de uma revista em quadrinhos. Aliás, eles sequer mencionam os nomes de personagens como Homem-Aranha ou Superman. É como se eles decidissem não salvar o mundo e preferissem usar seus poderes para se divertirem e resolver pequenas questões pessoais. Sintoma de uma geração? Talvez. O fato é que “Poder Sem Limites” é um filme que merece atenção, portanto, corra para vê-lo nos cinemas enquanto é tempo. Se não der, redescubra-o em DVD ou Blu-ray.

 

PODER SEM LIMITES (Chronicle, 2012, Reino Unido/EUA). Direção: Josh Trank. Roteiro: Max Landis. Fotografia: Matthew Jensen. Montagem: Elliot Greenberg. Produção: John Davis, Adam Schroeder. Com: Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo Petersen, Anna Wood, Rudi Malcolm, Luke Tyler, Crystal-Donna Roberts. Distribuição: Fox Film. 84 min