cinematório café #4: Reencontrando o Cinema Novo

    Renato Silveira e Kel Gomes·
    "Cinema Novo", de Eryk Rocha
    "Cinema Novo", de Eryk Rocha

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    Premiado em Cannes e já em cartaz nos cinemas brasileiros, o documentário/filme-ensaio de Eryk Rocha, “Cinema Novo”, propõe ao espectador um instigante reencontro com várias imagens icônicas do movimento cinematográfico mais influente do cinema brasileiro.

    Neste episódio, nós conversamos sobre as questões, reflexões e contradições do Cinema Novo (e também do cinema brasileiro de modo geral) com o jornalista e pesquisador Adilson Marcelino, autor do site Mulheres do Cinema Brasileiro. O Adilson é profundo conhecedor do nosso cinema e disse coisas muito interessantes sobre esse momento tão particular da história audiovisual do país.

    O texto que abre o programa é trecho de uma carta escrita por Glauber Rocha a Paulo César Saraceni, publicada no livro “Por Dentro do Cinema Novo” (1993), do Saraceni.

    cinematório - Observando a sétima arte.

    O cinematório café é um podcast semanal produzido e apresentado por Renato Silveira e Raquel Gomes. A cada episódio, nós propomos um debate em torno de temas relacionados ao cinema e às suas áreas correlatas, sempre em um clima de descontração, mas buscando, acima de tudo, reflexões sobre imagens que estão presentes no nosso dia a dia.

    A edição e a mixagem de som são do Eduardo Garcia.

    Visite e conheça os nossos parceiros:

    Academia do Café  Coletivo Libertad

    Hyperlinks deste episódio:

    — Sobre Cinema Novo:

    • Trailer do filme “Cinema Novo” (2016), de Eryk Rocha:

    — Livros sobre o Cinema Novo:

    • “Revolução do Cinema Novo”, Glauber Rocha, Editora Cosac & Naify (2004)
    • “O Processo do Cinema Novo”, Alex Viany, Editora Aeroplano (2010)
    • “Por Dentro do Cinema Novo – Minha Viagem”, Paulo César Saraceni, Editora Nova Fronteira (1993)
    • “Vida de Cinema”, Cacá Diegues, Editora Objetiva (2014)
    • “Alegorias do Subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo e Cinema Marginal”, Ismail Xavier, Editora Cosac & Naify (2014)
    • “Cinema Novo. A Onda do Jovem Cinema e Sua Recepção na França”, Alexandre Figueirôa, Editora Papirus  (2004)
    • “A Nova Onda Baiana: Cinema na Bahia”, Maria do Socorro Silva Carvalho, Editora SciELO (2003)

    — Instagram da Margot, mascote da Academia do Café

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    10 Responses

    1. Renato e Raquel,
       
      Que felicidade descobrir esse podcast, mesmo que um pouco atrasado. Eu acompanhei o Podcast Cinema em Cena por vários anos e escutei basicamente todos os episódios, mas nos últimos meses estava meio perdido em outros programas sobre cinema. Agora não mais!
       
      Gostei muito do formato do programa e principalmente da proposta de não ficar preso só em filmes recém produzidos. Aprendi muito com as discursões lá do Cinema em Cena e acredito que não vai ser diferente com esse novo projeto.
       
      Minha sugestão de debate seria Abbas kiarostami/cinema iraniano ou sobre o cinema de Taiwan.
       
      É muito bom encontrar um espaço que se discute cinema em toda sua diversidade e, é claro, com qualidade. Desejo muito sucesso nesse novo projeto
       
      Forte abraço

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      1. Agradecemos de coração pela mensagem e pela audiência, Salmom! Felizes de que você esteja gostando do programa. Iniciamente, nosso plano é falar mais de lançamentos por aqui, pela praticidade mesmo e pelas atribulações da nossa rotina. Mas está nos planos falarmos de filmes de outras épocas e nacionalidades também. Kiarostami rende muito assunto! Vamos falar dele em algum momento, com certeza. Abração! :)

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    2. Olá Renato e Raquel, como vão? Gostaria só de deixar uma rápido comentário (estou ouvindo o episódio ainda). Sobre a questão do público alcançado pelo cinema novo, vale lembrar que – além da relevância histórica e acadêmica apontada por vcs no episódio – a longo prazo um filme como Terra Em Transe teve uma audiência muito maior do que as Chanchadas da época. Após 50 anos da sua estreia, Terra em transe continua sendo assistido e gerando renda. Já as Chanchadas foram esquecidas. Mas entendo que para os realizadores da época, cujo objetivo era conscientizar a população, fica com certeza um sentimento ambíguo.

      Esse pensamento a longo prazo escapa tb aos empresários que regulam o mercado americano. Como disse o Hulk Crit em seu livro, um filme como Tubarão gera uma renda considerável até hoje (streaming, alugueis, direitos autorais, tele aberta e fechada). Ou seja, eles querem se convencer de que filmes como Quarteto Fantástico existem por uma lógica de mercado. Mas na verdade, os números comprovam que filmes bons, a longo prazo são economicamente muito mais viáveis. Fugi um pouco do assunto inicial, mas tá valendo.. kkk.

      Parabéns pelo excelente trabalho. Já estava com saudades dessa voz aveludada do Renato em meus ouvidos :P huahuahuha.

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      1. Excelente observação, Thiago. Quem dera se essa mentalidade que preza pela qualidade fosse a regra, né? Até acredito que existem cineastas e executivos preocupados com isso no cinema comercial, mas são muito poucos. E cada vez mais raros. Grande abraço e muito obrigado pelo comentário e pela audiência! :)

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    3. Parabéns, Raquel e Renato, por essa edição do podcast e pelos novos ares que o Cinematório Café trouxe à podosfera. Muito legal a proposta de fazer um programa que aposte na multiplataforma e que também não se limite apenas ao cinema, que por si só já é uma arte que abrange várias outras dentro dela. Então, nada mais justo que, ao se falar de cinema, não se esqueça de relacioná-lo a outros campos das artes e do conhecimento. Além do mais, adorei o fato de se preservar o áudio do ambiente. Ando meio cansado da polidez e assepsia de quase tudo o que se ouve nesse formato, e o ambiente do café deixa o som mais encorpado e dá mais vida ao programa.

      Sobre essa última edição em específico, gostei muito da participação do Adílson e confesso que fiquei com muita vontade de vê-lo dividindo uma mesa com o professor Ataídes Braga. Quem sabe numa edição futura?

      A respeito do Cinema Novo, recentemente li o livro “Brasil em Tempo de Cinema”, do crítico e professor Jean-Claude Bernardet, que trata justamente dos principais filmes brasileiros produzidos entre os anos 1958 e 1966, justamente quando o Cinema Novo estava “parindo” algumas de suas mais renomadas obras. É interessantíssimo não apenas pelas análises que ele faz de vários desses filmes, mas também porque eles os relaciona diretamente com a classe média brasileira da época. Os principais cineastas do Cinema Novo eram pessoas de classe média (e acho que isso até foi comentado de passagem no podcast) e vários de seus filmes representam: 1) a visão da classe média sobre o povo brasileiro; e 2) propositalmente ou não, essa própria classe média acabava refletida de alguma forma nessas obras. E isso também acabou se refletindo um pouco no Cinema Marginal, que acabava meio que rivalizando com o Cinema Novo na época, mas também tinha características em comum com Cinema Novo.

      Acho que vale muito a leitura desse livro do Jean-Claude, especialmente porque foi escrito no olho do furacão, enquanto as coisas ainda estavam sendo realizadas e, de certa forma, sendo moldado um movimento que a gente só entenderia melhor seu tamanho e importância muito depois. E também porque o crítico possui uma visão muito perspicaz sobre o nosso cinema, que em vários momentos dialoga perfeitamente com um cenário que vivemos ainda hoje. De certa forma, “Brasil em Tempo de Cinema”, escrito há quase 50 anos, é quase um documento atemporal, porque ainda soa muito atual. E lê-lo agora me deixou com a impressão de que, talvez, a gente tenha ficado parado no tempo por muitas décadas. E só lembrando, o livro foi escrito pós-Golpe de 64, mas ainda pré-AI-5. Ou seja, a ditadura já existia, mas ainda não havia mostrado seu lado mais perigoso. E após a reabertura ainda tivemos toda a questão da Embrafilme, que praticamente liquidou o cinema nacional, que só voltaria a produzir obras mais autorais e livres de uma censura governamental (ou auto-censura dos próprios realizadores) quase que em meados dos anos 1990.

      Talvez as duas décadas pós-Retomada ainda não tenham sido suficientes para fazer com que evoluíssemos certos aspectos do nosso cinema e, pra piorar, se na década de 1960 tínhamos cineastas que queriam dialogar com o povo (ainda que nem sempre conseguissem), tenho a impressão de que pós-Retomada o nosso cinema autoral deixou de se importar com o público e passou a se importar mais com ele mesmo. Me parece um cinema muito mais egocêntrico e auto-indulgente. Mas podem ser apenas impressões também e posso estar errado. De toda forma, acho que vale a reflexão.

      E sobre pensar cinema, escrevi um pouquinho a respeito esses dias, ainda citando o Jean-Claude, mas também o Paulo Emílio Sales Gomes: http://setimacena.com/artigos/tres-mestres-de-palma-bernardet-paulo-emilio-sales-gomes/

      Enfim, desculpem-me pelo comentário gigante. Me empolguei.

      Mais uma vez, parabéns pelo trabalho e vida longa do Cinematório Café.

      Abraços!

      PS: Será que agora sai um especial sobre o Truffaut? hehehe

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      1. Obrigada pelo comentário, Carlos! E pode ficar à vontade para escrever o quanto quiser aqui hehe Fico muito feliz que esteja gostando do formato do podcast e do trabalho que estamos desenvolvendo. Essa ideia do sonzinho ambiente, da conversa sem tanta formalidade e sem essa polidez que você cita é o nosso jeito de ficarmos mais próximos de vocês, ouvintes. Gostei muito de saber de você que isso tem dado mais vida ao programa. Nosso debate tem mesmo o objetivo de pulsar, pôr em movimento o pensamento. Se o objetivo está sendo alcançado é a melhor recompensa e maior motivação para seguirmos. E muito boa a sua dica de #LeituraCinéfila! ;) Realmente ser um livro escrito “no olho do furacão” o torna ainda mais interessante. Fiquei curiosa. Ah, também me interessei por seus escritos e visitarei seu blog para conferir tudo. Grande abraço!

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    4. Olha só, que honra, a voz da Raquel falando meu nome!!!! kkk

      Confesso que não sou o melhor espectador ou cinéfilo para falar sobre o Cinema Novo. No auge da minha cinefilia, há muito tempo atrás, eu li muito a respeito, mas infelizmente acabei não conseguindo ver muita coisa. Comecei por “Vidas Secas” e achei pesadíssimo, como o próprio Adilson comentou. Depois que eu vi “Cinema, Aspirinas e Urubus”, me deu uma baita vontade de revê-lo (não estou fazendo uma comparação entre os filmes, acho que nem cabe, mas a estética do sertão visto no filme do Marcelo Gomes me fez lembrar do Nelson), esse sentimento passou e ainda preciso me preparar psicologicamente… É um contra senso que eu saiba mais sobre esse período do cinema pela literatura, mesmo que ainda seja pouco, do que pelos próprios filmes que não acho que estão tão acessíveis assim justamente por não serem tão acessíveis, se é que me entendem…

      Sou meio suspeito pra dar dicas sobre o “Cinematório Café”, pois sou um ouvinte que veio do Podcast Cinema em Cena e gostava daquela dinâmica, embora minha frustração em não conseguir acompanhar os lançamentos cinematográficos seja grande. Se eu fosse sugerir algo seria um MIX entre esse perfil de programa histórico/educacional que traz esse lastro que eu acho importante, afinal vocês são um veículo que promovem cultura, tem um caráter formador, mesmo que informal; e o do Podcast Cinema em Cena sem deixar de falar sobre o cinema comercial, os lançamentos e as notícias atuais, mas também sem deixar de falar do Netflix e outros serviços de streaming e das séries de maneira geral. Comercialmente falando, acho que as pessoas querem ouvir sobre o que está na moda, sobre o que está acessível a elas, seja no cinema ou na TV de casa, mas acho que não se deve perder o aspecto educacional, digamos assim. Eu acho bacana a intenção de vocês de fazer a conexão, a intercontextualidade dos assuntos com outras mídias, com outras formas de arte, isso poderia fazer parte do próprio debate em áudio mesmo e não apenas como um adendo aqui da página, mas também entendo que isso deve acontecer naturalmente, sem nenhum tipo de imposição.

      Enfim… continuem com o bom trabalho por aí e eu sigo na luta por aqui… ;-)

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      1. Eu também vi poucos filmes do Cinema Novo e espero conseguir ter acesso a eles, pois tenho me interessado cada vez mais em conhecer melhor nosso cinema, que é tão rico, mas negligenciado em diferentes níveis. Gostei da sua ideia de trazer os hiperlinks para o debate, hein! É algo a se pensar… Abraço!

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    5. Não da pra entender quem não AMA cinema brasileiro.

      Nossas extensões continentais concebem tantas memórias, tanto conteúdo. Por mais que muitas temáticas fujam do conhecimento geral, em nossas próprias realidades (por mais comprimidas que sejam) uma história foi escrita quer seja hoje, quer seja 50 anos atrás, estando eu em Goiás ou vocês em Minas: sempre há uma história digna de ser contada. Todo dia na vida de um brasileiro rende um bom filme.
      Conheço pouco – ou quase nada – do cinema novo brasileiro mas fiquei impelida a conhecer depois de um café bom desses.
      Parabéns pelo programa e espero nosso encontrinho na semana que vem.

      PS.: gostaria de ouvir vocês dissertando sobre A chegada. Não consigo mais parar com a retórica da morte hahah. Quem sabe é pauta para um primeiro café com sci-fi?

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