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Ninja Assassino

“Ninja Assassino” está bem próximo ser uma versão filmada de um jogo de videogame como “Ninja Gaiden II”. Isto é, os jogadores da chamada “next gen” vão se sentir em casa ao ver o personagem principal, Raizo, fatiar seus adversários filme a fora das mais diversas maneiras e ângulos possíveis.

A ultraviolência não é um problema. Ainda que tanto sangue e membros decepados distanciem “Ninja Assassino” dos antigos filmes de ninja, esta é a atualização do gore para a era do CGI – o que pode não parecer tão divertido quanto o fake abraçado por Tarantino em “Kill Bill”, por exemplo, mas é eficiente na execução.

Se por um lado há um investimento “luxuoso” na apresentação da violência, por outro “Ninja Assassino” sofre com um visual pobre. Não exatamente “pobre”, mas esse é o tipo de filme em que o diretor tem a liberdade para criar, brincar mais com o visual. É um filme que pede estilização. James McTeigue tenta, mas parece ficar no meio do caminho. Um filme como “Kung Fu Panda“, por exemplo, utiliza melhor os espaços da tela scope. Já aqui, McTeigue até cria planos interessantes, mas não explora o potencial.

Há ainda um certo problema na montagem, que insiste em usar tomadas curtas – algo que os irmãos Wachowski não ensinaram direito ao seu aluno favorito. Diferente de “V de Vingança”, parece que desta vez os Wachowski deixaram mais do filme nas mãos de McTeigue que, inexperiente, não soube dar um refinamento ao produto final.

Observemos a própria estranheza que perpassa toda a narrativa. O filme flui bem até certa parte, estabelecendo o personagem, mas ao mesmo tempo demora demais na construção das “questões morais” que o protagonista (Rain, de “Speed Racer” e “I’m a Cyborg, But That’s OK”) tem que enfrentar. E no meio disso surge o envolvimento dele com a policial (Naomie Harris) – uma subtrama que segue o arquétipo “peixe fora d’água”, sem oferecer risco ao filme, mas também sem trazer qualquer coisa nova.

Um elemento bem inserido em “Ninja Assassino” é a presença de ninjas num mundo em que em que esse tipo de personagem é absurdo. E, mais um vez, é algo onde você vislumbra um potencial não explorado. McTeigue e os roteiristas Matthew Sand (autor do argumento) e J. Michael Straczynski (“A Troca“) podiam ter brincado mais com essa noção, quem sabe até usando referências ao próprio subgênero de filmes de artes marciais ou mesmo aos videogames.

As lutas de “Ninja Assassino” são bem feitas, mas também não são algo que vão marcar o gênero como os próprios Wachowski fizeram em “Matrix”. A coreografia talvez tivesse um efeito melhor se os cortes, a pouca criatividade na direção e até o excesso de violência não passassem por cima.

nota: 5/10 — veja sem pressa

Ninja Assassino (Ninja Assassin, 2009, EUA/Alemanha)
direção: James McTeigue; roteiro: Matthew Sand, J. Michael Straczynski; fotografia: Karl Walter Lindenlaub; montagem: Gian Ganziano, Joseph Jett Sally; música: Ilan Eshkeri; produção: Grant Hill, Joel Silver, Andy Wachowski, Larry Wachowski; com: Rain, Naomie Harris, Stephen Marcus, Rick Yune, Ben Miles, Shô Kosugi; estúdio: Warner Bros., Legendary Pictures, Dark Castle Entertainment, Silver Pictures, Anarchos Productions; distribuição: Warner Bros. 99 min
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