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Crítica: 300: A ASCENSÃO DO IMPÉRIO, de Noam Murro

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A continuação de “300”, assim como o filme original, possui uma sequência de créditos finais feita em animação. Pergunto: por que não fazer o filme inteiro em animação? Afinal, parece que tanto Zack Snyder, diretor do primeiro longa, quanto Noam Murro, diretor deste “A Ascensão do Império”, querem fazer de seus filmes desenhos animados. O que interessa a eles é apenas chamar a atenção para o estilo, pouco importando se existe um ser humano ali por trás. Isso fica bem claro na quantidade de vezes que eles usam a câmera lenta, não apenas para destacar algum movimento dos personagens durante as cenas de ação, mas também para destacar detalhes como o sangue escorrendo na ponta de uma lança, por exemplo.

O sangue, aliás, é um elemento que sobra no novo filme. E numa tentativa de justificar o 3D (que é convertido), Murro diversas vezes faz o sangue espirrar em nossa direção, assim como outros objetos. Além do excesso, isso incomoda porque ele, inexplicavelmente, suja a lente da câmera em alguns momentos. Ora, qual é a finalidade disso, se a ideia do 3D, pelo menos neste filme, é atirar as coisas para fora da tela? Sujando a câmera, ele nos diz que há uma barreira entre nós e o filme, já que você não vai conseguir limpar as gotas de sangue passando a mão nos óculos.

Servindo ao mesmo tempo como continuação e prelúdio de “300”, o novo filme também sofre de “falta de assunto”. Além do já mencionado excesso de câmera lenta, que estica as cenas de batalha, o roteiro se preocupa em explicar as origens da guerra, as origens de Xerxes, o personagem de Rodrigo Santoro, e ainda se dá ao luxo de repetir uma cena, como se não tivesse ficado claro o que aconteceu. Acaba que sobra pouco tempo para o que poderia haver de mais interessante no filme, que é o jogo político da rainha Artemísia, interpretada por Eva Green – que por sinal tem muito mais tempo de tela do que o ator brasileiro, que aparece ainda menos desta vez.

O primeiro “300” já não era nenhuma obra-prima, mas ao menos não enrolava: dava o recado e pronto. E conseguiu ficar marcado por sua estilização extrema e frases de impacto dos personagens. Já “A Ascensão do Império” só funciona como apêndice da história principal. ■

300: A ASCENSÃO DO IMPÉRIO (300: Rise of an Empire, 2014, EUA). Direção: Noam Murro; Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad; Produção: Mark Canton, Bernie Goldmann, Gianni Nunnari, Deborah Snyder, Zack Snyder, Thomas Tull; Fotografia: Simon Duggan; Montagem: David Brenner, Wyatt Smith; Música: Junkie XL; Com: Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey, Hans Matheson, Callan Mulvey, David Wenham, Rodrigo Santoro; Estúdios: Warner Bros., Legendary Pictures ; Distribuição: Warner Bros. 102 min

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