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JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA – O FINAL: À beira do absurdo

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Apesar de não ser memorável como outros finais de recentes franquias de sucesso, a segunda parte de “Jogos Vorazes – A Esperança” cumpre bem seu papel de colocar novamente no centro da história a questão política por trás do espetáculo promovido pela Capital através de um reality show em que os participantes precisam se matar diante das câmeras.

Aqui, os jogos não acontecem por causa da rebelião dos distritos para derrubar o Presidente Snow (papel de Donald Sutherland). Porém, os líderes do movimento utilizam a mesma estratégia da publicidade para transformar Katniss (personagem de Jennifer Lawrence) em um símbolo da revolução. Ela, no entanto, quer distância das câmeras e tenta ir sozinha ao encontro de Snow para se vingar.

Em seu trajeto, contra a sua vontade, Katniss acaba sendo acompanhada de outros colegas rebeldes e se vê novamente em meio a armadilhas próprias dos Jogos Vorazes, só que agora no mundo real. Essa realidade, no entanto, surge ainda mais distópica do que nos longas anteriores da série, quase convergindo para o campo da fantasia. Não só os perigos enfrentados por Katniss são ainda mais mirabolantes (o que, por sinal, aproxima bastante as cenas de ação a fases de um jogo, mas de videogame), como ela também se depara com criaturas monstruosas, os chamados “Bestantes”. Tem ainda o encontro com uma mulher que modificou sua fisionomia através de cirurgias plásticas para ficar parecida com um tigre.
Então, essa mudança de atmosfera no último filme da franquia surge como ponto interessante, pois é como se o autoritarismo da Capital atingisse um nível tão severo, tão absurdo, que nem mesmo a realidade consegue se suportar.

Terceiro de quatro longas sob a direção de Francis Lawrence (somente o primeiro ficou a cargo de Gary Ross), o filme tem problemas, principalmente no que diz respeito à construção das cenas mais climáticas, que perdem força por se tornarem previsíveis. Além disso, alguns personagens que apresentavam claros sinais de trauma por terem sido torturados parecem se recuperar rápido demais, à conveniência do roteiro (casos de Peeta, papel de Josh Hutcherson, e Johanna, a personagem mais interessante e menos aproveitada, vivida por Jena Malone).

A impressão é a de que os realizadores tentaram tornar as coisas o mais leves possíveis para que, curiosa e de certo modo contraditoriamente, o espetáculo, tão combatido por Katniss, fosse favorecido. Dessa forma, é frustrante por um lado percebermos que o último filme é um tanto esquemático. Por outro, no entanto, é satisfatório como encerramento de uma trama tematicamente mais ambiciosa que a média das inúmeras sagas voltadas para o público jovem adulto. ■

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