Filmes para ver nos finais de semana da 23ª Mostra de Tiradentes

"Inabitáveis"/Foto: Laura Monteiro -Divulgação
"Inabitáveis"/Foto: Laura Monteiro -Divulgação

Mostras e festivais sempre deixam cinéfilos e cinéfilas animados e, ao mesmo tempo, causam aquela inquietação quando chega o momento de escolher ao que assistir diante de uma programação intensa de filmes. Pensando nisso, preparamos um guia com alguns destaques do que será exibido na 23º Mostra de Cinema de Tiradentes, sugerindo sessões que, para nós e nosso feeling, são imperdíveis — mesmo que, em alguns casos, a aposta seja um tanto “no escuro”.

Nesta primeira lista, as dicas são de filmes que serão exibidos nos dois finais de semana da mostra. Então, se você não poderá participar de todo o evento, que dura nove dias (24 de janeiro a 1º de fevereiro), mas tem um tempo livre para dar um pulo em Tiradentes e curtir um cineminha, aproveite!

24/01 | SEXTA-FEIRA | 21H | CINE-TENDA



“Os Escravos de Jó”, de Rosemberg Cariry.

Em pré-estreia mundial, é o filme de abertura do evento e integra a programação da Mostra Homenagem, este ano dedicada às trajetórias de Antônio Pitanga e sua filha, Camila Pitanga. Os protagonistas da história são os estudantes Samuel (Daniel Passi) e Yasmina (Daniela Jesus) que se apaixonam na cidade de Ouro Preto. No entanto, eles têm que vencer muitas dificuldades e preconceitos para afirmarem o seu amor. Personagens do passado e do presente cruzam os caminhos dos dois jovens, arrastando-os para um destino inesperado. O elenco conta com Antônio Pitanga no papel de um amigo de Samuel, além dos atores e atrizes Sílvia Buarque, Everaldo Pontes, Bruna Chiaradia, Romi Soares, Hadi Bakkour e outro artista da família Pitanga, Rocco Pitanga.

25/01 | SÁBADO

16H30 | CINE-TENDA | CURTAS

A primeira sessão de curtas da mostra apresenta uma seleção muito interessante de produções mineiras com títulos que foram selecionados e premiados em outros festivais. 

“Ângela”, da diretora Marília Nogueira: Ficção que fala sobre mulheres idosas e que tem como protagonista Ângela, interpretada pela grande atriz Teuda Bara. Ela vive sozinha e coleciona diagnósticos de doenças que nunca teve. Com a chegada de Sueli, ela tem o vislumbre de uma nova existência.

“Nove Águas”, de Gabriel Martins e Quilombo Marques: Gabriel Martins, que já é conhecido pelo seu trabalho na produtora Filmes de Plástico, assina a direção do filme ao lado do Quilombo Marques. A trama se passa em 1930, quando Marcos e seu grupo de descendentes de escravizados saíram do Vale do Jequitinhonha rumo ao Vale do Mucuri. Fugindo da seca, da fome e da violência no campo, os quilombolas buscavam uma novo território para construir sua comunidade. Dos tempos do desbravamento aos atuais, é uma história sobre a luta por água e terra protagonizada pelos moradores do Quilombo Marques, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais.

“Estranho Animal”, de Arthur B. Senra: animação experimental de apenas cinco minutos que tem passagens por vários festivais nacionais e internacionais, recebendo, inclusive, o Destaque América Latina no Festival de Cine Experimental de Bogotá, na Colômbia, e o 3º lugar na Mostra Udigrudi Mundial de Animação, em Belo Horizonte. Na sinopse oficial consta “estranho animal a ditadura: homens sem asas, pássaros sem pés.” Para se jogar sem medo.

“Diz que é Verdade”, de Claryssa Almeida e Pedro Estrada: recebeu prêmio do público dentro da mostra Panorama Brasil do Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro. Híbrido de documentário e jogos de cena, que acompanha Alexandre e Suelen, pessoas anônimas que exercem suas atividades cotidianas de forma ordinária até se encontrarem em um videokê do baixo centro de Belo Horizonte, onde viverão o estrelato por uma noite.

17H30 | CINE TEATRO SESI | CURTAS

Sessão que integra a mostra específica da temática central, A Imaginação como Potência, traz quatro filmes com propostas diversas e inventivas, dos quais destacamos:

“Pattaki”, de Everlane Moraes: o filme integrou a mostra Soul in The Eye do Festival Internacional de Rotterdam (IFFR) na Holanda, em 2019, que celebrou “o legado de Zózimo Bulbul e o cinema negro brasileiro contemporâneo”. Também está na seleção oficial do programa de curtas New Frontier do Festival de Sundance 2020, que destaca experimentações entre a arte e a tecnologia. Na narrativa, os peixes agonizam à beira-mar à medida que a água invade a cidade e forma espelhos que distorcem sua imagem. Na noite densa, quando a lua sobe a maré, esses seres, que vivem em uma vida diária monótona sem água, são hipnotizados pelos poderes de Iemanjá, a deusa do mar. 

“Inabitáveis”, de Anderson Bardot: está na seleção oficial do Festival Internacional de Rotterdam (IFFR), dentro da competitiva Voices Short Awards, com sessão lá na Holanda também no dia 25. Ou seja, estreia nacional e internacional numa mesma data. A ficção traz uma companhia contemporânea de dança que está prestes a estrear o seu mais novo espetáculo, chamado Inabitáveis, que aborda como tema a homoafetividade negra. Paralelamente aos ensaios, o coreógrafo constrói uma amizade com Pedro, um jovem menino negro que não se identifica como menino.

18H | CINE-TENDA | LONGA

“Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios”, dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca: Ficção lançada em 2011 que levou prêmio de Melhor Filme Brasileiro na Mostra de São Paulo e o prêmio de melhor atriz para Camila Pitanga no Festival do Rio. Um triângulo amoroso envolve Cauby (Gustavo Machado), um fotógrafo de passagem pelo interior da Amazônia, a bela e instável Lavínia (Camila Pitanga) e seu marido, o pastor Ernani (Zecarlos Machado), que acredita ser possível consertar as contradições do mundo. Lavínia, o corpo; Cauby, o olhar; Ernani, a palavra – os três vértices de uma paixão incandescente, em meio à natureza ameaçada de devastação.

20H | CINE-TENDA | LONGA

“O Lodo”, do diretor Helvécio Ratton: em pré-estreia nacional, dentro da Mostra Foco Minas,  é um terror psicológico com atores do Grupo Galpão. Baseado em conto de Murilo Rubião, conta a história de Manfredo, funcionário de uma empresa de seguros que procura um psiquiatra, o Dr. Pink, para curar a depressão. O médico insiste em saber de seu passado, mas há algo que Manfredo não deseja revelar e ele abandona o tratamento. O Dr.Pink passa a persegui-lo e a vida de Manfredo se transforma num verdadeiro inferno.

OU

21H | CINE-PRAÇA | LONGA

Três Verões, de Sandra Kogut: Ganhou Melhor Montagem no Festival de Havana e Melhor Atriz para Regina Casé no Festival Antalya Golden Orange Film e Festival do Rio. A cada verão, entre Natal e Ano Novo, o casal Edgar e Marta recebe amigos e família na sua mansão espetacular à beira mar. Em 2015 tudo parece ir bem, mas em 2016 a mesma festa é cancelada. O que acontece com aqueles que gravitam em torno dos ricos e poderosos quando a vida deles desmorona? Através do olhar de uma empregada e de um velho patriarca, ambos vítimas do sonho neoliberal, pode-se ver um retrato do Brasil contemporâneo. Após a sessão haverá bate-papo com a presença da diretora e de convidados.

22H | CINE-TENDA | LONGA

“Sofá”, do diretor Bruno Safadi. Descrito como uma “paródia tropical”, a narrativa traz Joana D’Arc, ex-professora da rede pública de ensino do Rio de Janeiro que tenta recuperar a ex-casa, perdida para a Prefeitura. A trajetória é compartilhada pelo pirata Pharaó, da Baía de Guanabara. O filme faz parte da Mostra A Imaginação como Potência e tem no elenco Ingrid Guimarães, Chay Suede, Nizo Neto, João Pedro Zappa, Laura Neiva, Ravel Andrade e Guilherme Piva.

26/01 | DOMINGO

14H | CINE-TENDA | LONGA

“Pitanga”, de Beto Brant e Camila Pitanga: Filme-documentário que investiga o percurso estético, político e existencial do ator Antônio Pitanga, que, dirigido por grandes cineastas – como Glauber Rocha, Cacá Diegues e Walter Lima Jr. –, foi destaque no momento de maior inquietação artística do cinema brasileiro, o Cinema Novo. A partir de suas interpretações históricas, Pitanga construiu uma narrativa mitológica própria. A importância de seu testemunho para a arte brasileira se dá na construção da arquitetura desse homem em diálogo profundo com seu tempo.

17H30 | CINE TEATRO SESI | LONGA

“Na Boca do Mundo”, de Antônio Pitanga: Filme de 1978, com Norma Bengell e Antônio Pitanga no elenco. É um drama que relata a tragédia ocorrida a partir de um triângulo amoroso. Uma rica mulher é enganada por um homem pobre e sua namorada, que se vinga de forma inesperada e cruel.

OU

18H | CINE-TENDA | CURTAS
A primeira sessão de curtas da Mostra Panorama, com os destaques:

“Deserto Estrangeiro”, de Davi Pretto: sobre um jovem brasileiro, que recém começou a trabalhar em uma imensa floresta em Berlim e é arrastado para um pesadelo envolvendo o passado colonial alemão quando tenta encontrar uma garota perdida na mata. O elenco conta com uma das melhores atrizes da atualidade, a Isabél Zuaa (As Boas Maneiras, Joaquim).

“Looping”, de Maick Hannder: Com linguagem híbrida, a narrativa traz o início de um amor de um garoto por outro que ele apenas viu andando de bicicleta, e tem protagonistas negros e gays.

21H | CINE-PRAÇA | LONGA

“Pacarrete”, de Allan Deberton. Vencedor do prêmio de Melhor Filme no Festival de Gramado e no Festival de Bogotá e premiado no Cine Ceará. Pacarrete é uma bailarina idosa, considerada louca, que vive em Russas, uma cidade do interior. Na véspera da festa de 200 anos da cidade, ela decide fazer uma apresentação de dança, como presente, “para o povo”. Mas parece que ninguém se importa. Este drama é protagonizado por Marcelia Cartaxo, premiada Melhor Atriz do Festival de Berlim pelo clássico “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral. Com João Miguel (Estômago), Zezita Matos (Velho Chico) e Soia Lira (Central do Brasil) no elenco. Após a sessão, bate-papo com a presença do diretor e convidados.

OU

22H | CINE-TENDA | LONGA

“Um Dia Com Jerusa”, de Viviane Ferreira: com Lea Garcia, Débora Marçal e Antônio Pitanga no elenco. O filme conta o encontro da sensitiva Silvia, uma jovem pesquisadora de mercado que enfrenta as agruras do subemprego enquanto aguarda o resultado de um concurso público, e da graciosa Jerusa, uma senhora de 77 anos, testemunha ocular do cotidiano vivido no bairro do Bixiga, recheado de memórias ancestrais. No dia do aniversário de Jerusa, enquanto espera sua família para comemorar, o encontro entre suas memórias e a mediunidade de Silvia lhes proporciona transitar por tempos e realidades comuns às suas ancestralidades. A diretora Viviane Ferreira preside a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), e é umas das mulheres negras pioneiras do cinema brasileiro. Este filme é o segundo longa-metragem brasileiro dirigido sozinho por uma mulher negra.

31/01 | SEXTA-FEIRA

18H | CINE-TENDA | LONGA

“Yãmĩyhex: As Mulheres-Espírito”, de Sueli Maxakali e Isael Maxakali: Após passarem alguns meses na Aldeia Verde, as yãmĩyhex (mulheres-espírito) se preparam para partir. Os cineastas Sueli e Isael Maxakali (nomes de destaque do cinema indígena) registram os preparativos e a grande festa para sua despedida. Durante os dias de festa, uma multidão de espíritos atravessa a aldeia. As yãmĩyhex vão embora, mas sempre voltam com saudades dos seus pais e das suas mães.

20H | CINE-TENDA | LONGA

Cabeça de Nêgo”, de Déo Cardoso: concorre ao Troféu Barroco da Mostra Aurora. Na história, inspirado por um livro dos Panteras Negras, o introvertido Saulo Chuvisco tenta impor mudanças em sua escola e acaba entrando em conflito com alguns colegas e professores. Após reagir a um insulto em sala de aula, Saulo é expulso, mas recusa-se a deixar as dependências da escola por tempo indeterminado.

22H | CINE-TENDA | LONGA

“Natureza Morta”, de Clarissa Ramalho: outro concorrente do Troféu Barroco, com elenco de peso que conta com Mariana Fausto, Rômulo Braga, Helena Ignez, Paulo Azevedo e Rose Abdalah. A narrativa se passa em 1888 e conta a história de Lenita, uma jovem, criada pelo pai, de formação culta, que desconsidera a existência de um homem à sua altura intelectual. O filme expõe os conflitos internos da personagem e as convenções da época.

01/02 | SÁBADO

15H | CINE TEATRO SESI | LONGA

“Cavalo”, de Rafhael Barbosa e Werner Salles: Filme experimental em que sete jovens dançarinos envolvidos num processo artístico são provocados a um mergulho em suas ancestralidades. Após a sessão, haverá debate com os diretores e convidados.

18H | CINE-TENDA | LONGA

“Babenco – Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz: foi vencedor do Prêmio da Crítica Independente e eleito Melhor Documentário no Festival de Veneza de 2019. “Eu já vivi minha morte, agora só falta fazer um filme sobre ela” – disse o cineasta Hector Babenco a Bárbara Paz, ao perceber que não lhe restava muito tempo de vida. Ela aceitou a missão e realizou o último desejo do companheiro: ser protagonista de sua própria morte. Do primeiro câncer, aos 38, até a morte, aos 70 anos, Babenco fez do cinema remédio e alimento para continuar vivendo. ​ É o primeiro longa-metragem de Bárbara Paz mas, também, de certa forma, a última obra de Hector – um filme sobre filmar para não morrer jamais. Após a sessão haverá roda de conversa com Bárbara Paz.

20H | CINE-TENDA | LONGA

“A Torre”, de Sergio Borges: Com Enrique Diaz, Caio Horowicz e Maeve Jinkings, este é o filme de encerramento da mostra. Na narrativa, André se isola numa floresta. Ele sente sua vida ruindo e procura lidar com as perdas e a nova configuração da sua vida. Um raio cai do céu, as forças da natureza atuam sobre seu corpo. Entre os sonhos e a insônia, ele é visitado por sua juventude, por sua ex-mulher e sua filha.

OU

21H | CINE-PRAÇA | LONGA

“Acqua Movie”, de Lírio Ferreira: No elenco, Alessandra Negrini, Antonio Haddad, Guilherme Weber Christiane Tricerri, Augusto Madeira, Marcélia Cartaxo, Zezita de Barros e Aury Porto. Há também participações especiais de Sérgio Mamberti, Cláudio Assis e Edgard Navarro. Na história, Cícero, um menino de 12 anos, depara-se com seu pai, Jonas, morto no banheiro de casa, vitimado por um infarto fulminante Sua mãe está filmando um documentário na Floresta Amazônica. A mãe retorna para o funeral, em São Paulo. Ao chegar, Cícero a convence de levar as cinzas de seu pai para sua cidade natal, no nordeste do país. Um filme de estrada onde mãe e filho tentam, em meio ao sol escaldante do semiárido nordestino, atravessado por canais de transposição das águas do Rio São Francisco, reinventar a narrativa do afeto.

SERVIÇO
23ª Mostra de Cinema de Tiradentes
De 24 de janeiro a 1º de fevereiro 2020
Entrada gratuita
Mais informações aqui.