Festival Corpos da Terra exibe e discute cinema indígena brasileiro

O Festival Corpos da Terra, evento sobre povos indígenas no cinema brasileiro, chega à sua terceira edição e exibe online e gratuitamente filmes, debates e apresentações musicais, até 14 de março, domingo. As exibições acontecem pelo canal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) no Vimeo, incorporado ao site oficial do evento. O projeto, realizado pela Lúdica Produções com patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (SECEC), conta com a curadoria da jornalista, produtora e roteirista Renata Tupinambá. A seleção traz 12 curtas-metragens e quatro longas, que dialogam entre si sobre o tema central do festival, que é a experiência das mulheres indígenas.

Na programação, estão filmes como “Equilíbrio” (2020), da cineasta Olinda Muniz Silva Wanderley, que retrata problemas ambientais e faz uma crítica ao antropoceno; “Fôlego Vivo” (2021), da Associação dos Cariris do Poço de Dantas, sobre uma realidade indígena cultural que desconstrói estereótipos; e os curtas “Kunhangue – Universo de um Novo Mundo” (2020), de Graciela Guarani, e “Mãtãnãg, A Encantada” (2019), de Shawara Maxakali e Charles Bicalho. Destacam-se, ainda, os longas “Yãmĩyhex: As Mulheres-Espírito” (2019) e “Nuhu yãgmu yõg hãm: essa terra é nossa!” (2020), ambos de Isael Maxakali e Sueli Maxakali, sendo o segundo com co-direção de Carolina Canguçu e Roberto Romero. O cinema maxakali, inclusive, vem sendo aclamado em outras mostras brasileiras, entre elas o forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, e a Mostra de Cinema de Tiradentes, onde estes dois longas foram premiados com o Troféu Carlos Reichenbach.

"Yãmĩyhex: As Mulheres-Espírito" (2019), de Isael Maxakali e Sueli Maxakali - Divulgação
“Yãmĩyhex: As Mulheres-Espírito” (2019), de Isael Maxakali e Sueli Maxakali – Divulgação

Debates e música

Além dos filmes, o festival promove ao vivo, sempre às 19h e no site oficial, uma série de debates mediados pela curadora Renata Tupinambá e pelo antropólogo Idjahure Kadiwel. No dia 11, quinta-feira, o tema é “Uma conversa sobre arte”, com Uyra Sodoma (AM) e Juão Nÿn (SP); no dia 12, sexta-feira, “Territórios e direitos originários”, com Arassari Pataxó (BA) e Tereza Arapium (PA); e no dia 13, sábado, “Música contemporânea e etnotransmídia nas redes”, com Katu Mirim (SP) e Kaê Guajajara (MA). As gravações dos debates que aconteceram anteriormente também podem ser acessados no mesmo site.



Fechando a programação no domingo, dia 14, às 16h, o festival transmitirá sets da DJ e curadora Renata Tupinambá, além de shows com a cantora e compositora Kaê Guajajara e a rapper Katu Mirim. Tanto os debates como as apresentações musicais são interativas, e o público pode fazer perguntas e comentários através do Facebook do evento.

Identidade do festival

“Preparamos para essa terceira edição uma programação valorizando a pluralidade brasileira indígena de diferentes regiões e contextos. O público vai poder conhecer esses vários Brasis invisíveis em um panorama contemporâneo. Mostramos a energia feminina matriarcal com destaque para realizadoras e lideranças mulheres, além de um feminino que todos possuem além dos gêneros, como filhos e corpos da natureza”, comenta a curadora Renata Tupinambá.

A identidade visual desta terceira edição do Corpos da Terra foi desenvolvida pelo artista Denilson Baniwa, que buscou refletir sobre a cosmologia indígena, em que tudo está conectado ao corpo do planeta. Em 2019, Baniwa foi indicado ao Prêmio Pipa, uma das principais premiações de arte contemporânea do Brasil, sendo vencedor na categoria online. O ilustrador coleciona oito exposições individuais, além de participações em mais de 30 coletivas e cinco internacionais.

SERVIÇO
Festival Corpos da Terra – 3ª edição
De 5 a 14 de março de 2021
Online e gratuito
Programação completa e mais informações aqui.