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Conheça “Propriedade”, filme brasileiro que está no Festival de Berlim

"Propriedade" (2022), de Daniel Bandeira - Divulgação

"Propriedade" (2022), de Daniel Bandeira - Divulgação

O longa-metragem pernambucano “Propriedade”, escrito e dirigido por Daniel Bandeira, será exibido na mostra Panorama, uma das seções paralelas mais prestigiadas do Festival de Berlim, que chega a sua 73ª edição em fevereiro deste ano. O filme será exibido na Berlinale após uma bem-sucedida trajetória em outros festivais no Brasil. O longa também foi selecionado para a Mostra de Cinema de São Paulo e, antes de partir para a capital alemã, será o filme de encerramento da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, neste sábado, 28 de janeiro. “Propriedade” também vem colecionando prêmios: ganhou Melhor Montagem no Festival do Rio e os troféus de Melhor Direção, Melhor Figurino, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som no Festival de Aruanda.

Estrelado pela atriz Malu Galli (“Além da Ilusão”, “Aos Teus Olhos”, “O Xangô de Baker Street”), “Propriedade” conta a história de uma mulher que se tranca num carro blindado para se refugiar de um conflito com os trabalhadores de sua fazenda. No entanto, sua atitude de defesa acaba agravando a situação.

De acordo com os realizadores do filme, trata-se de um thriller que se utiliza das convenções de gênero para abordar a incomunicabilidade e a intolerância entre classes no Brasil. O grande inimigo da história é o medo que atua como combustível para a violência.

Suspense político

Produzido pela Vilarejo Filmes, Símio Filmes e Lunática, “Propriedade” foi realizado com recursos do Funcultura Audiovisual e do Edital de Longas-Metragens de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura. O filme foi rodado em 2018, numa fazenda do município de São José da Coroa Grande. Após quatro semanas de trabalho, as filmagens terminaram em 7 de outubro, dia do primeiro turno das eleições presidenciais daquele ano, quando Jair Bolsonaro foi eleito.

“Foi como submergir”, relembra Daniel Bandeira. “Tivemos uma ótima experiência de equipe durante as filmagens, mas encerramos nossa última diária perturbados pela apuração das eleições. Tínhamos uma noção muito clara de quem estava sendo eleito e de que um período muito duro começava bem ali. Exatos quatro anos depois, voltamos à tona com o filme já pronto no Festival do Rio. Por mais danoso que tenha sido, esse período acabou tornando o filme ainda mais urgente, mais sensível para esse momento que enseja um resgate da nossa civilidade”, completa.

Este é o segundo longa de Bandeira, que estreou com “Amigos de Risco” (2007) e também realizou os curtas “Biodiversidade” (2005), “Sob a Pele” (2011), junto com Pedro Sotero, e “Soledad” (2015), ao lado de Joana Gatis e Flávia Vilela. Como montador, trabalhou no premiado curta “Vinil Verde” (2004), de Kleber Mendonça Filho, e nos longas “Brasil S/A” (2014), de Marcelo Pedroso (premiado como Melhor Montagem no Festival de Brasília), e “O Nó do Diabo” (2018), antologia de horror que tem Gabriel Martins entre os diretores.

“A ideia inicial de ‘Propriedade’ surgiu 16 anos atrás, como um mero exercício de linguagem – um experimento de narrativa em espaços confinados. Mas de lá para cá, o Brasil acabou se infiltrando em seu formato final: a incomunicabilidade, o agravamento da desigualdade, a carrocracia, a desvalorização do trabalho… Todas essas coisas são manifestações modernas de questões muito antigas como a escravidão, o racismo e a concentração da posse da terra. Nossos problemas imediatos nos distraem da reflexão sobre os fatores que nos trouxeram até aqui. Mas a História não nos abandona. A História do Brasil é uma história de fantasmas muito presentesm,” diz o diretor.

A direção de fotografia de “Propriedade” é de Pedro Sotero (“Bacurau”, “Aquarius”, “Gabriel e a Montanha”). A direção de arte, de Maíra Mesquita (“Corpo Elétrico”, “Boi Neon”, “Periscópio”) e a montagem, de Matheus Farias (“Inabitável”, “Caranguejo Rei”).

Além de Malu Galli no papel principal, o elenco do filme conta com Zuleika Ferreira (“Baile Perfumado”), Tavinho Teixeira (“Batguano” e “Sol Alegria”) e Samuel Santos, idealizador do grupo recifense de teatro negro O Poste. Já a atriz alagoana Ane Oliva, além de atuar em “Propriedade”, também está presente em “Infantaria”, curta-metragem da diretora alagoana Laís Santos Araújo que participa da mostra Generation 14plus, dedicada a filmes que abordam temas relacionados a crianças e adolescentes.

"Propriedade" (2022), de Daniel Bandeira - Divulgação
Divulgação

Brasil em Berlim

Além de “Propriedade”, o cinema brasileiro estará no Festival de Berlim com o longa “O Estranho”, dirigido por Flora Dias e Juruna Mallon, na mostra Fórum. O evento também exibirá a versão restaurada do clássico “A Rainha Diaba”, filme de 1973 dirigido por Antônio Carlos da Fontoura e protagonizado por Milton Gonçalves.

Três curtas nacionais também foram selecionados. Além do já citado “Infantaria”, estarão na Berlinale: “Miçangas”, dirigido pela dupla Emanuel Lavor e Rafaela Camelo, na competição principal de curtas; e o experimental “A Árvore”, de Ana Vaz, uma coprodução Brasil e Espanha, na mostra Forum Expanded.

O Festival de Berlim acontece de 16 a 26 de fevereiro. Acompanhe a nossa cobertura especial direto da capital alemã.

Com informações da assessoria de imprensa do filme.

Propriedade Festival de Berlim

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