"Para Sempre uma Mulher" (Tsuki wa noborinu, 1955), de Kinuyo Tanaka - Divulgação
"Para Sempre uma Mulher" (Tsuki wa noborinu, 1955), de Kinuyo Tanaka - Divulgação

Filmicca: os lançamentos de fevereiro

Os lançamentos da Filmicca em fevereiro de 2023 incluem o documentário francês “Eu Amei Viver Lá”, de Régis Sauder, com a participação e baseado nos textos de Annie Ernaux, vencedora do Prêmio Nobel da Literatura em 2022.

Outras estreias na plataforma este mês são o terror original “Jerk”, da diretora Gisèle Vienne, o deslumbrante drama romeno exibido em Berlim “Malmkrog”, de Cristi Puiu, e o drama social italiano “Uma Promessa”, realizado pelos irmãos Gianluca e Massimiliano De Serio e exibido no Festival de Veneza.



A Filmicca também adiciona ao catálogo neste mês duas obras restauradas dirigidas pela japonesa Kinuyo Tanaka. Atriz icônica, Tanaka estrelou mais de 200 filmes, incluindo obras de Akira Kurosawa, Yasujiro Ozu e Mikio Naruse. Aos 42 anos, ela realizou seu primeiro filme como diretora, tornando-se pioneira em um sistema de estúdio que desencorajava ativamente que mulheres dirigissem filmes. As obras que entram no acervo da plataforma são “A Lua Nasceu”, segundo longa de Tanaka, com roteiro de Ozu, e “Para Sempre Uma Mulher”, considerado o primeiro filme pessoal da artista.

Destaque também para a retrospectiva da alemã Ulrike Ottinger, diretora que possui uma marca inquestionável e única no Novo Cinema Alemão, no cinema feminista e no cinema LGBTQIA+. São oito filmes apresentados em versões restauradas pela Arsenal Berlin, começando com “Laocoonte e Seus Filhos”, uma releitura da obra “Orlando” de Virginia Woolf. A Trilogia de Berlim também faz parte dos lançamentos com a obra-prima “Retrato de uma Bêbada” e os maravilhosos “Freak Orlando” e “Dorian Gray no Espelho dos Tabloides”.

A Filmicca está disponível para assinatura em todo o Brasil. A plataforma pode ser acessada na web e através dos apps para iOS, Android, Apple TV, Android TV e Amazon Fire TV.

Confira a seguir o calendário com lançamentos de fevereiro de 2023 na Filmicca:

01 de Fevereiro | Quarta-feira

LAOCOONTE E SEUS FILHOS

um filme de Ulrike Ottinger e Tabea Blumenschein
com Tabea Blumenschein e Ulrike Ottinger
Alemanha | 1973 | Comédia/Drama | 50 min | 18 anos

Num país imaginário, habitado apenas por mulheres, Esmeralda del Rio realiza uma série de transformações, tornando-se viúva na tundra gelada, patinadora no gelo e até o gigolô Jimmy. O turbilhão excêntrico de imagens, acompanhado de uma narração divertida e caprichosa, é um exercício surrealista impressionante. “Os contos de fadas estão chegando, os contos de fadas vieram para ficar.”

Este primeiro filme de Ulrike Ottinger, codirigido com a atriz Tabea Blumenschein, já contém muitos dos elementos que reaparecem nos seus filmes posteriores: uma mulher extraordinária, um país incomum e uma cadeia de transformações mágicas que dá origem a uma série de representações excêntricas de personagens. Essa noção de transformação, tirada de “Orlando” de Virginia Woolf, que contém a ideia de morte e destruição, assim como a ressurreição, continua sendo um tema importante. Versão restaurada.

03 de Fevereiro | Sexta-feira

O ENCANTO DOS MARINHEIROS AZUIS

um filme de Ulrike Ottinger e Tabea Blumenschein
com Valeska Gert, Tabea Blumenschein, Rosa von Praunheim e Barry Tannenbaum
Alemanha | 1975 | Comédia/Drama | 50 min | 18 anos

Uma jovem mulher pássaro luta com outra mais velha. São observadas por dois marinheiros que se beijam diante de um cenário pintado que tem um rasgo que os transporta para o jardim das delícias terrenas. Uma metamorfose típica do trabalho inicial de Ottinger, em que a narrativa se desenvolve como uma colagem, se falam vários idiomas e tudo é instável.

Pessoas fantásticas ficcionais são interpretadas por pessoas igualmente fantásticas da vida real, como a lendária atriz Valeska Gert e os importantes realizadores queer Rosa von Praunheim e Frank Ripploh. Versão restaurada.

04 de Fevereiro | Sábado

UMA PROMESSA

um filme de Gianluca e Massimiliano De Serio
com Salvatore Esposito, Samuele Carrino, Lica Lanera, Antonella Carone e Vito Signorile
Itália, França | 2020 | Drama | 104 min | 16 anos

Sob o sol escaldante do sul da Itália, Angela trabalha nos campos onde é explorada impunemente. Um dia ela não volta para casa. Esta perda trágica e misteriosa obriga Giuseppe e seu filho Antò a procurá-la e iniciar uma busca, sem volta, pela verdade. Exibido no Festival de Veneza. Lançamento inédito.

08 de Fevereiro | Quarta-feira

MADAME X – UMA GOVERNANTE ABSOLUTA

um filme de Ulrike Ottinger e Tabea Blumenschein
com Tabea Blumenschein, Roswitha Janz, Monika von Cube e Irena von Lichtenstein
Alemanha | 1977 | Comédia/Drama | 141 min | 18 anos

Várias mulheres juntam-se numa viagem para o desconhecido a bordo do navio de Madame X, que se revela uma tirana. O longa-metragem de estreia de Ulrike Ottinger, em parceria com a atriz Tabea Blumenschein, descrito como um poema lésbico punk, tornou-se um filme chave dos debates feministas nos anos 70. Versão restaurada.

09 de Fevereiro | Quinta-feira

EU AMEI VIVER LÁ

um filme de Régis Sauder
com a participação de Annie Ernaux
França | 2020 | Documentário | 89 min | 14 anos

Numa nova cidade, em algum lugar nos subúrbios de Paris, histórias íntimas vão ao encontro dos escritos da famosa escritora Annie Ernaux: viver em harmonia é uma utopia, ou poderá ser real e ultrapassar os paradoxos da sociedade para acolher estrangeiros?

Com a participação de Annie Ernaux, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2022, e baseado em seus escritos. Lançamento inédito.

10 de Fevereiro | Sexta-feira

RETRATO DE UMA BÊBADA

um filme de Ulrike Ottinger
com Tabea Blumenschein, Lutze, Magdalena Montezuma, Orpha Termin e Monika von Cube
Alemanha | 1979 | Comédia/Drama | 109 min | 18 anos

Uma mulher rica, sem nome e enigmática embarca em uma busca obstinada para beber até o esquecimento, bebendo conhaques aparentemente intermináveis em alta costura enquanto passa por uma Berlim carnavalesca povoada por roqueiros, punks, escritores, artistas, motoristas de táxi e outros bêbados.

A primeira parte da trilogia de Berlim realizada por Ulrike Ottinger foi uma colaboração feminista radical para o Novo Cinema Alemão. É uma cápsula do tempo da Berlim dos anos 70, um registo da sua cultura alternativa e um passeio turístico pelos locais boêmios da cidade. Versão restaurada.

11 de Fevereiro | Sábado

JERK

um filme de Gisèle Vienne
com Jonathan Capdevielle
França | 2021 | Suspense/Terror | 60 min | 16 anos

Texas, meados dos anos 70. Com a ajuda de dois adolescentes, David Brooks e Wayne Henley, o serial killer Dean Corll massacrou cerca de vinte meninos e registrou esses assassinatos em vídeo. Da prisão onde cumpre pena perpétua, David Brooks, agora ventríloquo e marionetista, conta sua história por meio de um espetáculo que imaginou.

Da aclamada coreógrafa e diretora teatral Gisèle Vienne, “Jerk” é uma adaptação eletrizante do romance cult de terror de Dennis Cooper, baseado em assustadores eventos reais. Vencedor do prêmio New Visions de Melhor Filme no Sitges – Festival de Cinema Fantástico da Catalunha. Lançamento inédito.

14 de Fevereiro | Terça-feira

EM NÓS

um filme de Régis Sauder
França | 2021 | Documentário | 99 min | 12 anos

Dez anos atrás, os caminhos de Abou, Laura, Cadiatou e Jacques se cruzaram com os de Emmanuelle. Ela era professora de francês em uma escola em Marselha. Juntos, eles participaram de um filme, “Os filhos da princesa de Clèves”, no qual, ao analisar o texto clássico, expressaram suas esperanças, sonhos e medos. Agora, o diretor reencontra-se com os protagonistas: as memórias misturam-se com as histórias das suas vidas e dos obstáculos cotidianos que têm de ultrapassar enquanto procuram não perder a esperança. Lançamento inédito.

15 de Fevereiro | Quarta-feira

FREAK ORLANDO

um filme de Ulrike Ottinger
com Magdalena Montezuma, Delphine Seyrig, Albert Heins e Claude Pantoja
Alemanha | 1981 | Comédia/Drama | 128 min | 18 anos

Ulrike Ottinger inspira-se em “Freaks” de Tod Browning e “Orlando” de Virginia Woolf, para nos convidar para o seu pequeno teatro do mundo e relatar a história humana. Um tour de force da coreografia cinematográfica com Magdalena Montezuma, Delphine Seyrig e Jackie Raynal. Versão restaurada.

16 de Fevereiro | Quinta-feira

PARA SEMPRE UMA MULHER

um filme de Kinuyo Tanaka
com Yumeji Tsukioka, Ryôji Hayama e Junkichi Orimoto
Japão | 1955 | Drama | 106 min | 14 anos

Amplamente considerado o primeiro filme pessoal de Kinuyo Tanaka, “Para Sempre uma Mulher” conta a história de uma recém-divorciada que é diagnosticada com câncer de mama em estágio avançado. Ao adaptar a história da vida real da poeta Fumiko Nakajo, Tanaka e a roteirista Sumie Tanaka (uma colaboradora de longa data de Mikio Naruse, embora sem nenhuma relação familiar com Kinuyo) investigam questões de mortalidade, sexualidade e independência feminina com uma franqueza e audácia sem precedentes no cinema japonês do pós-guerra. Versão restaurada.

17 de Fevereiro | Sexta-feira

DORIAN GRAY NO ESPELHO DOS TABLOIDES

um filme de Ulrike Ottinger
com Veruschka von Lehndorff, Delphine Seyrig, Tabea Blumenschein e Toyo Tanaka
Alemanha | 1984 | Comédia/Drama | 154 min | 18 anos

A responsável de um império mediático decide lucrar com a história da ascensão e queda de uma nova celebridade: Dorian Gray. A última parte da trilogia de Berlim é o apogeu da encenação teatral de Ulrike Ottinger. Versão restaurada.

18 de Fevereiro | Sábado

ADEUS, SENHOR WONG

um filme de Kiyé Simon Luang
com Nini Vilivong, Marc Barbé, Soulasath Saul e Nathalie Richard
França, Laos | 2020 | Drama | 100 min | 14 anos

À beira do lago Nam Ngum, no norte do Laos, France é uma jovem desejada por dois homens diametralmente opostos. Seu destino a leva a cruzar o caminho de Hugo, um francês, em busca da mulher que o deixou há um ano. Lançamento inédito.

21 de Fevereiro | Terça-feira

MALMKROG

um filme de Cristi Puiu
com Frédéric Schulz-Richard, Agathe Bosch, Diana Sakalauskaité e Marina Palii
Romênia, Sérvia, Suíça, Suécia, Macedônia e Bósnia | 2020 | Drama | 200 min | 14 anos

Nikolai, um grande proprietário de terras, põe a sua casa à disposição de alguns amigos, organizando uma estadia na espaçosa mansão. Para os convidados, entre os quais encontramos um político, uma jovem condessa, um general russo e sua esposa, o tempo passa na mansão com refeições ricas, jogos da sociedade e uma longa discussão sobre a morte e o Anticristo, o progresso e a moral.

À medida que a discussão vai tomando forma e os vários temas são abordados, cada um deles expõe sua visão do mundo, da história e da religião. As horas passam, as discussões ficam mais acaloradas, os assuntos tornam-se cada vez mais sérios e as diferenças de cultura e pontos de vista tornam-se cada vez mais evidentes. Seleção Oficial do Festival de Berlim.

22 de Fevereiro | Quarta-feira

SUPERBIA – A SOBERBA

um filme de Ulrike Ottinger
com Delphine Seyrig, Irm Hermann, Else Nabu, Renate Schlesier e Ting-lLi
Alemanha | 1986 | Comédia/Drama | 15 min | 18 anos

Abertura da obra coletiva “Seven Women, Seven Sins” (os outros segmentos foram realizados por Chantal Akerman, Valie Export e Bette Gordon, entre outras diretoras). Como Laurence A. Rickels escreveu no livro “The Autobiography of Art Cinema”, “Superbia, enquanto quadro alegórico completo ou uma boia a passar diante de uma paisagem marítima e a atravessar um cenário industrial, parecia a essência dos filmes de ficção de Ottinger”. A procissão que se vê no filme é, entre outras coisas, uma despedida de um período no trabalho de Ottinger, que daí em diante exploraria cada vez mais outros mundos, culturas e universos. Versão restaurada.

23 de Fevereiro | Quinta-feira

A LUA NASCEU

um filme de Kinuyo Tanaka
com Chishû Ryû, Shûji Sano e Hisako Yamane
Japão | 1955 | Romance, Comédia, Drama | 80 min | 16 anos

Para seu segundo filme, Kinuyo Tanaka dirigiu um roteiro do lendário colaborador e mentor Yasujiro Ozu. Embora orientado pela visão singular de Ozu sobre relacionamentos familiares, “A Lua Nasceu” também possui a sensibilidade cômica viva e elegante de Tanaka em sua representação de um viúvo que vive com suas três filhas. Enquanto vários jovens cortejam as mulheres, o pai delas é forçado a confrontar, com uma perplexidade divertida, os costumes em rápida evolução da sociedade japonesa. Versão restaurada.

24 de Fevereiro | Sexta-feira

JOANA D’ARC DA MONGÓLIA

um filme de Ulrike Ottinger
com Delphine Seyrig, Irm Hermann, Peter Kern, Gillian Scalici e Inès Sastre
Alemanha/Mongólia | 1989 | Comédia/Drama/Documentário | 165 min | 18 anos

Um grupo de europeus que viaja em um transiberiano é feito prisioneiro por uma tribo mongol. O filme é fundamental na filmografia de Ulrike Ottinger: começa como uma ficção espetacular, mas transforma-se em documentário tal como a sua obra como um todo. Versão restaurada.

25 de Fevereiro | Sábado

UM VIOLENTO DESEJO DE ALEGRIA

um filme de Clément Schneider
com Quentin Dolmaire e Grace Seri
França | 2018 | Drama | 75 min | 14 anos

1792. Isolado nas montanhas, longe do epicentro da Revolução Francesa, o mosteiro do jovem monge Gabriel é requisitado para servir de quartel pelas tropas revolucionárias e pela silenciosa jovem que os acompanha: Marianne. As novas ideias que Gabriel descobre através da coabitação forçada entre monges e soldados não o deixam indiferente. Exibido no Festival de Cannes.

28 de Fevereiro | Terça-feira

A FRONTEIRA SELVAGEM

um filme de Nicolas Klotz e Élisabeth Perceval
França | 2017 | Documentário | 225 min | 14 anos

Inverno de 2016. A Selva de Calais é uma cidade em crescimento com cerca de 12 000 habitantes. No início da Primavera, a Zona Sul, as suas lojas, ruas e casas, são completamente destruídas. A sua população expulsa muda-se para a Zona Norte para encontrar abrigo e continuar a viver. No outono, a França organiza o desmantelamento permanente da Selva. Mas a Selva é um território em mutação, uma cidade-mundo, uma cidade do futuro: mesmo destruída, sempre renasce das cinzas. Filmado com jovens presos no turbilhão de guerras e da violência policial, a obra mostra suas tentativas de cruzar a fronteira para chegar à Inglaterra. “A Fronteira Selvagem” pode ser um episódio esquecido da Odisseia de Homero.

Com informações da assessoria de imprensa da Filmicca.