"Toy Story" (1995), de John Lasseter - Divulgação/Pixar
"Toy Story" (1995), de John Lasseter - Divulgação/Pixar

Animações da Pixar podem ser vistas no Rio, Belo Horizonte e São Paulo

Embora esteja há quase 40 anos no mercado de animação digital, ainda há muita criança e muito adulto que não viu nenhuma produção do estúdio Pixar no cinema, mas só em DVD, Blu-ray ou no streaming. A mostra “A Magia dos Pixels – Espelhos Animados da Realidade” é o momento de as crianças assistirem às produções no cinema e os adultos reverem seus filmes prediletos. “Porque é muito difícil os clássicos da Pixar passarem novamente na tela grande. Então, (a oportunidade) é especial”, comenta, em entrevista à Agência Brasil, um dos curadores, Eduardo Reginato.

A mostra acontece simultaneamente nos CCBBs, Centros Culturais Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, e vai até o dia 16 de outubro, seguindo depois para São Paulo (de 4 a 30 de outubro). A exposição já esteve em Brasília nos meses de julho e agosto. Os ingressos para as sessões de cinema no CCBB RJ custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria física ou no site do CCBB, a partir das 9h do dia da sessão.

No dia 12 de outubro, aniversário do CCBB RJ e Dia das Crianças, a entrada será gratuita. As demais atividades são gratuitas para todo o público e os ingressos devem ser retirados uma hora antes do início de cada atividade na bilheteria do CCBB RJ.



Em Belo Horizonte, as sessões ocorrem no Teatro II, e os ingressos custam R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia), podendo ser retirados no site ou na bilheteria. Para as sessões gratuitas, os ingressos estarão disponíveis para retirada a partir de 1h antes de cada sessão, exclusivamente na bilheteria do CCBB BH.

Programa

São apresentados 22 longas-metragens, seis curtas e o documentário “A História da Pixar”, todos produzidos pelo estúdio. Os filmes serão exibidos em cópias dubladas para atender principalmente as crianças. Na estreia da mostra, haverá um debate com a atriz dubladora Miriam Ficher e o crítico de cinema e pesquisador Luiz Baez, com mediação de Eduardo Reginato.

Nos dias 23 de setembro e 14 de outubro, haverá a Oficina Lúdica para Crianças, com o animador de filmes Alexandre Juruena, na qual os participantes aprenderão a esculpir e modelar com diversos materiais, como argila e massinha, bonecos inspirados em personagens do universo Pixar. As crianças verão que o processo de animação digital utiliza diversas técnicas que envolvem desde desenho, pintura, modelagem, até chegar ao computador. Haverá também sessões com recursos de acessibilidade nos dias 25 de setembro e 4 e 9 de outubro.

Cosplayers caracterizados de personagens dos filmes da Pixar estarão passeando pelo CCBB e tirando fotos com o público. São eles respectivamente, Merida, do longa “Valente”; Violeta, Edna e Flash, do filme “Os Incríveis”; e Jessie e Wood, de “Toy Story”. Haverá ainda uma sessão comentada de “Divertida Mente” pelo curador Fabrício Duque.

"WALL-E" (2008) - Foto: Divulgação
“WALL-E” (2008) – Foto: Divulgação

O começo

A Pixar Animation Studios é um estúdio americano de animação por computador com sede em Emeryville, na Califórnia (Estados Unidos). Sua história começou em 1976 como parte da divisão de computadores Lucasfilm, do diretor e produtor cinematográfico George Lucas, criador das franquias “Star Wars” e “Indiana Jones”.

“O sucesso de Star Wars foi tão grande que ele começou a desenvolver a ideia de aliar efeitos especiais com animação digital. Depois de um tempo, montou uma equipe para trabalhar com animação digital”, relata Reginato. O primeiro curta-metragem produzido pelo grupo foi “As Aventuras de André e Wally B.”, dirigido por Alvy Ray Smith.

Lucas buscou então um investidor e acabou vendendo o setor de animação para Steve Jobs, cofundador da Apple, que se tornou acionista majoritário. O primeiro curta tendo Jobs como investidor foi “Luxo Jr.” (1986), dirigido por John Lasseter, no qual um pequeno abajur tenta se divertir com um novo brinquedo, mas não consegue entender direito como ele funciona. Enquanto isso, o abajur maior se diverte observando. “A luminária acaba virando, depois, a marca registrada da Pixar”, comenta o curador. Atualmente, a Pixar pertence aos estúdios Disney, que a comprou em 2006.

O primeiro curta de animação digital a ganhar o Oscar foi “Tin Toy” (1988), dirigido também por Lasseter, que narra a rotina diária de um brinquedo de lata, que é interrompida por um bebê intrometido que o persegue. Este curta deu origem ao longa “Toy Story”, em 1995, que conta as aventuras do caubói Woody e do astronauta Buzz Lightyear, que competem pela atenção de Andy, o dono dos brinquedos. “Esse foi o primeiro longa de animação digital da história do cinema. O título não foi do brasileiro ‘Cassiopeia’ por uma diferença de seis a sete meses”, destaca Reginato.

O curador lembra que a mostra é independente e não está relacionada às comemorações do centenário dos estúdios Disney.

"Ratatouille" (2007), de Brad Bird - Divulgação/Pixar
“Ratatouille” (2007), de Brad Bird – Divulgação/Pixar

Afetividade

“A ideia da mostra é expor os espelhos animados da realidade. Porque o que faz a aproximação do público infantil e adulto com a Pixar é o fato de eles conseguirem pegar vários elementos da realidade das crianças e dos adultos, às vezes complexos, desde o luto, a morte, a inveja, a intolerância, o preconceito, o etarismo, e trabalhar todos esses elementos de forma lúdica para colocar, para todos, pontos de reflexão. Você tem contato com certos temas tabus, difíceis, e tem ali uma reflexão humanística e afetiva. É uma forma de ver o mundo, de ter esperança sobre esse mundo, de maneira mágica, intensa”, afirma o curador.

Um exemplo é “Up! Altas Aventuras”, que é uma ode à boa idade e contra o preconceito em relação aos mais velhos. Outro é “Wall-e”, que traz mensagem pela união das pessoas contra a devastação do meio ambiente. O próprio “Toy Story” fala sobre diferenças, perdas, luto, da mesma forma que “Procurando Nemo”. No longa “Valente”, a Pixar aborda o protagonismo feminino e a luta contra os padrões patriarcais.

“Esta é a magia da Pixar. A realidade é difícil, mas para tudo há uma solução afetiva, passível, desde que se tenha amor, união, compreensão”, diz Reginato. Ainda segundo ele, uma coisa que está presente em todos os filmes da Pixar e que o mundo não tem é “você olhar para o outro; ver o outro não como um inimigo ou alguém diferente, mas como um igual e que, a partir da união, o mundo se modifica para melhor”.

"Divertida Mente" (Inside Out, 2015), de Pete Docter - Divulgação/Pixar
“Divertida Mente” (Inside Out, 2015), de Pete Docter – Divulgação/Pixar

Catálogo

A mostra “A Magia dos Pixels: Espelhos Animados da Realidade” oferece gratuitamente um catálogo em PDF, que já pode ser baixado. Haverá também o catálogo impresso, em número limitado, que poderá ser trocado por dez ingressos de filmes diferentes. A publicação conta toda a história da Pixar e dos filmes que estarão na mostra.

Os curtas-metragens que serão exibidos são “As Aventuras de André e Wally B.” (1984); “Luxo Jr.” (1986); “O Sonho de Red” (1987); “Tin Toy” (1988); “Knick Knack” (1989); e “O Jogo de Geri” (1997). Entre os longas-metragens estão incluídos “Toy Story” (1995); “Vida de Inseto” (1998); “Toy Story 2” (1999); “Monstros S.A.” (2001); “Procurando Nemo” (2003); “Os Incríveis” (2004); “Carros” (2006); e “Ratatouille” (2007).

Reportagem: Alana Granda, da Agência Brasil.