De 28 de maio a 23 de junho, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro recebe a mostra “Cinema de Resistência: um olhar sobre o Brasil invisível”, dedicada à trajetória da cineasta Lucia Murat. Reconhecida por sua abordagem política e social, Murat terá 34 de suas produções exibidas gratuitamente, entre longas, médias, curtas e episódios em vídeo. Após o Rio, a mostra segue para o CCBB São Paulo, onde será apresentada de 4 a 29 de junho.
Com curadoria de Denise Lopes, a programação está dividida em quatro módulos: Ditadura e Memória, Povos Originários, Questões Femininas e Desigualdades. Cada semana será dedicada a um desses temas, com sessões seguidas de debates com artistas, ativistas, pesquisadores e a própria cineasta.
“Filmar como forma de resistir. Essa parece ter sido a máxima que norteou o trabalho ininterrupto da cineasta Lucia Murat por 41 anos”, afirma a curadora. “A mostra abre a possibilidade de discussão sobre temas caros e urgentes do Brasil, como a ditadura militar de 1964, as violências contra os Povos Originários, as desigualdades sociais e questões do feminino.”
A abertura da mostra acontece no dia 28 de maio, com o módulo Ditadura e Memória. O debate terá a presença da própria Lucia Murat, da historiadora Jesse Jane, da socióloga Dulce Pandolfi e da curadora Denise Lopes, com mediação do jornalista Ancelmo Gois. O tema revisita experiências da cineasta durante o regime militar, período em que foi presa política.

História, memória e política
Lucia Murat é uma das vozes mais consistentes do cinema brasileiro contemporâneo. Ao longo de quatro décadas, construiu uma filmografia que combina experiências pessoais, memória histórica e linguagem cinematográfica experimental. Ela começou a carreira no jornalismo e passou para o cinema nos anos 1980. Desde então, sua produção tem sido marcada por um forte compromisso com questões sociais e políticas.
Com 14 longas feitos exclusivamente para o cinema, Lucia Murat é a cineasta latino-americana com maior número de títulos no formato, tendo assinado direção, roteiro e produção em boa parte deles. O mais recente trabalho, “Hora do Recreio” (2025), recebeu Menção Especial do Júri Jovem na Mostra Generation 14 Plus da Berlinale.
Entre os filmes que serão exibidos no CCBB estão títulos premiados em festivais como Berlim, Havana, Chicago, Gramado, Mar del Plata e Brasília. A seleção inclui “Que Bom Te Ver Viva” (1989), “Brava Gente Brasileira” (2000), “Quase Dois Irmãos” (2004), “A Memória Que Me Contam” (2012), “Em Três Atos” (2015), “Praça Paris” (2017) e “O Mensageiro” (2024).

Mapa temático
Após o módulo Ditadura e Memória, a mostra continua o mapeamento dos temas que atravessam a obra da cineasta. No dia 8 de junho, o foco será Povos Originários, com filmes que retratam tradições indígenas, seus modos de vida e os desafios enfrentados atualmente. Já o módulo Questões Femininas, no dia 15 de junho, reúne obras que abordam maternidade, envelhecimento e afetos sob diferentes pontos de vista. Por fim, Desigualdades, tema do dia 21 de junho, traz histórias de pessoas em contextos de vulnerabilidade social.
A proposta da curadoria é permitir que o público acompanhe como Lucia Murat transforma histórias individuais em reflexões mais amplas. A mostra também destaca o uso que a diretora faz de diferentes linguagens artísticas, como teatro, dança e artes visuais, para compor seus filmes.
A programação completa e a lista de filmes estão disponíveis no site do CCBB. A entrada é gratuita e os debates contam com distribuição de senhas uma hora antes das sessões.
Mostra Cinema de Resistência leva 34 obras de Lucia Murat ao CCBB Rio com sessões gratuitas e debates temáticos