O Instituto Moreira Salles (IMS) Paulista abre, a partir de 6 de maio, uma mostra dedicada à cineasta e atriz Ida Lupino, uma das primeiras mulheres a dirigir filmes em Hollywood. A retrospectiva “Dirigidos por Ida Lupino” reúne longas e episódios de séries de TV dirigidos por ela, com sessões ao longo de maio no cinema da instituição, localizado na Avenida Paulista, 2.424.
Nascida em Londres, em 1918, Lupino ficou conhecida principalmente por sua atuação como atriz, com mais de 50 filmes no currículo durante a Era de Ouro de Hollywood. Pouco reconhecida em sua época como diretora, ela também escreveu e produziu diversos projetos, muitos deles abordando temas pouco comuns nos anos 1950 e 60, como gravidez fora do casamento, bigamia e violência sexual.
Três filmes integram a programação de maio. “O Mundo é o Culpado” (1950) acompanha a vida de uma jovem que sofre uma agressão sexual e precisa lidar com as consequências do trauma. “O Bígamo” (1953) conta a história de um homem envolvido com duas mulheres ao mesmo tempo, e “Anjos Rebeldes” (1966) mostra o cotidiano de adolescentes em um colégio interno católico, em conflito com a disciplina imposta pela madre superiora.
As sessões acontecem em datas variadas ao longo do mês e os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). No dia 24 de maio, durante a Virada Cultural, a entrada será gratuita. As senhas serão distribuídas uma hora antes das exibições.
Para o curador de cinema do IMS, Kleber Mendonça Filho, a importância de revisitar a trajetória de Ida Lupino é entender as dificuldades enfrentadas por mulheres na direção e como Lupino abriu caminho para novas gerações. “A movimentação de independência de Ida Lupino é vista nitidamente hoje como o mesmo tipo de pulsão que guiou nomes de enorme força do cinema off-Hollywood na produção estadunidense do século XX, como John Cassavetes, John Sayles e Robert Altman, e também – importante ressaltar – mulheres autoras que seguiram a trilha feita por Lupino, como Barbara Loden, Julie Dash e Kathryn Bigelow”, aponta o curador. “É fascinante e perturbador podermos hoje, separados por quase 80 anos de história do cinema de Hollywood, observar conquistas apenas recentes na presença de mulheres como realizadoras e autoras de cinema reconhecidas, e de certa forma frutos da ponta de lança incrível que foi Ida Lupino”, completa.
A mostra continua em junho, com novas sessões que serão anunciadas em breve. A programação completa está disponível no site do IMS.