O Exterminador do Futuro: A Salvação

Em certo momento da pós-produção de “O Exterminador do Futuro: A Salvação”, James Cameron, criador do conceito e dos personagens da série, foi perguntado sobre a sua opinião quanto ao filme. Ele preferiu adiar sua resposta até que assistisse ao longa, para poder odiá-lo se necessário. A pergunta do cinematório é a seguinte: será Cameron a encarnação de Nostradamus?

O filme tem problemas sérios, como furos no roteiro que desafiam o bom senso do espectador em vários momentos da projeção, além de cenas de ação mal cadenciadas que acabam subitamente sem trazer surpresa alguma. Talvez impedido de exercer a mistura de ação surrealista e humor grotesco que utilizou nos dois “As Panteras”, McG vem demonstrar o que realmente é: um diretor extremamente restrito e sem imaginação.



Culpa também dos roteiristas John Brancato e Michael Ferris (e provavelmente de mais uma dúzia de pessoas que devem ter colocado as mãos no roteiro, o que fica óbvio pela colcha de retalhos em que o produto final se transformou). A dupla ignora fatos básicos da franquia, além de conceitos do próprio filme que são colocados na tela em certos momentos e ignorados depois.

É notável também a influência de “Transformers”, algo que ocorreu semelhantemente pós-1999, quando quase todos os filmes de ação demonstravam a influência de “Matrix”. Nem o fato de colocarem inúmeras referências aos outros filmes da série justificam o descaso com o roteiro, porque as mesmas estão confeitadas por todo o longa, tornando-o uma espécie de caça ao tesouro para os fãs.

Impressiona ainda o fato de que vários atores conhecidos aparecem em papéis tão pequenos que se tornam dispensáveis, como a personagem de Jane Alexander, ou que se tornam ridículos pela inexpressíva participação, como as personagens de Bryce Dallas Howard (que deveria ter um papel muito maior e mais importante) e de Helena Bonham Carter (como a pseudo-vilã do filme, totalmente desnecessária).

Não se salva nem Christian Bale ou Sam Worthington. Bale deveria saber melhor e talvez sua explosão no set deve ter sido um momento de auto-realização, quando notou onde havia se metido. Pena que descontou na pessoa errada. Worthington, o ator do momento (que logo vai estrelar “Avatar”, o tão esperado retorno do próprio James Cameron às telas, 11 anos após seu pequeno filme daquele barquinho que afunda), provavelmente não tinha idéia da mancha que estava colocando em seu currículo.

“O Exterminador do Futuro: A Salvação” é apenas um filme de verão, nada mais do que isso. É uma pena, porque poderia ser um bom acréscimo à série e trazer uma nova leva de filmes de ficção-científica, algo que estamos precisando há algum tempo. Talvez tenhamos que esperar até “Avatar” estrear. Que Cameron venha salvar o gênero.

nota: 4/10 — não se culpe por não ver

O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation, 2009, EUA/Alemanha/Reino Unido)
direção: McG; roteiro: John D. Brancato, Michael Ferris; fotografia: Shane Hurlbut; montagem: Conrad Buff; música: Danny Elfman; produção: Derek Anderson, Moritz Borman, Victor Kubicek, Jeffrey Silver; com: Christian Bale, Sam Worthington, Moon Bloodgood, Helena Bonham Carter, Anton Yelchin, Jadagrace Berry, Bryce Dallas Howard, Common, Jane Alexander, Michael Ironside; estúdio: The Halcyon Company; distribuição: Sony Pictures. 115 min