Vicente Ferraz contará história de brasileiros na Segunda Guerra em "A Montanha"

O que pode se tornar um raro “filme de guerra” brasileiro começa a ser rodado no próximo dia 7 de fevereiro, na Itália. Trata-se de “A Montanha”, primeiro longa de ficção de Vicente Ferraz, diretor do excelente documentário “Soy Cuba, O Mamute Siberiano”.

Não será um “filme de guerra” propriamente dito. O longa será situado na Segunda Guerra Mundial e acompanhará o drama de quatro soldados brasileiros que se separam do grupo enviado ao conflito pelo governo brasileiro. Jovens pobres e sem treinamento, interpretados por Daniel Oliveira (“A Festa da Menina Morta”, “Cazuza”), Júlio Andrade (“Cão Sem Dono”, “Hotel Atlântico”), Toghun (“Tropa de Elite”) e Francisco Gaspar (“A Casa de Alice”). Também estão no elenco o italiano Sergio Rubini (“A Paixão de Cristo”), o alemão Richard Sammel (“Bastardos Inglórios”) e o português Ivo Canelas (“O Mistério da Estrada de Sintra”).



Segundo a assessoria da produção, as filmagens devem durar seis semanas e o lançamento do filme está previsto já para o final de 2011. Toda sorte a Ferraz, elenco e equipe.

Confira abaixo todas as informações divulgadas para a imprensa:

A Montanha, uma co-produção Brasil, Itália e Portugal, dirigida por Vicente Ferraz, começa a ser filmada no próximo dia 07

No elenco principal estão Daniel de Oliveira e Julio Andrade, além dos atores internacionais Sergio Rubini, Richard Sammel e Ivo Canelas

No próximo dia 07, começa a ser rodado, na Itália (na região de Friuli-Venezia Giulia), o novo longa metragem do cineasta Vicente Ferraz, A Montanha. Serão seis semanas sob rigoroso inverno europeu. Tal qual enfrentou parte do exército brasileiro, nos anos 40, em luta contra a Itália durante a Segunda Guerra Mundial.

A Montanha revelará parte dos bastidores da participação do Brasil nesse enfrentamento mundial, desenrolado entre 1939 e 1945. O episódio foi bastante traumático para muitas famílias brasileiras, mas é, ainda hoje, praticamente desconhecido de toda a população.

Ferraz, diretor do multi-premiado Soy Cuba, o Mamute Siberiano, relata como se aproximou desse período e o que o motivou: “Mais que os livros de história que li, o que mais me interessou foram os relatos dos próprios pracinhas (como eram chamados). Vários escreveram livros de memória. Independentemente do valor literário, foi por meio daqueles relatos que entendi finalmente a dimensão daquela aventura: jovens, humildes, caboclos, mulatos, filhos do Brasil que estavam lá. A emoção, a coragem, o medo, o frio, a saudade humanizaram muito a idéia que eu tinha daquela guerra. Vi o melhor do brasileiro naqueles relatos”.

A sinopse

Na Segunda Guerra Mundial, o Brasil optou em unir-se aos Aliados, formado pelos Estados Unidos, Inglaterra e França. Declarou, portanto, combate aos países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Na época, foram encaminhados mais de 25 mil soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Mas, muito diferente da realidade dos europeus e americanos, nossos pracinhas eram, em sua maioria, jovens pobres e despreparados. Tiveram que aprender, quase que instantaneamente, a combater. Mais do que isso, tiveram que conviver (e tentar sobreviver) com o frio que assolava o território europeu. Soma-se a isso o medo e da dificuldade de uma língua estrangeira.

A Montanha, que será filmada integralmente em solo italiano, trará a história dos soldados Guimarães (Daniel Oliveira), Tenente (Julio Andrade), Piauí (Francisco Gaspar) e Laurindo (Thogum). Depois de sofrerem um ataque de pânico coletivo, no sopé do Monte Castelo, eles tentam descer a montanha, mas se perdem em meio à neve e ao desespero. Depois de se reencontrar, o grupo tem que decidir: tentar voltar ao batalhão e ser acusado de abandono, enfrentando assim a Corte Marcial, ou voltar para a posição da noite anterior correndo o risco de sofrer um ataque surpresa do inimigo.

Sem chegarem a uma conclusão, os quatro resolvem passar a noite num vilarejo abandonado. No dia seguinte, conhecem Rui, um jornalista brasileiro (papel do ator português Ivo Canelas), que revela a existência de um campo minado (ainda não desarmado) a oeste da montanha. O grupo crê que essa possa ser a oportunidade para se redimirem. Conhecem ainda Roberto, um soldado italiano que sai do exército em busca de sua família atacada pelo alemães e, logo depois, Jürguen Mayer, coronel do exército alemão que, cansado da guerra, está desertando. Forma-se assim um inusitado encontro de desertores de diferentes países.

O elenco luso-ítalo-germano-brasileiro

O elenco de A Montanha é encabeçado pelos atores brasileiros Daniel de Oliveira (Cazuza – O Tempo não Pára, Zuzu Angel, Batismo de Sangue), Julio Andrade (Cão sem Dono e Hotel Atlântico), Thogum (Filhos do Carnaval, Tropa de Elite, Bruna Surfistinha) e Francisco Gaspar (A Casa de Alice, Caixa 2).
Sergio Rubini, ator italiano com mais de 30 longas no currículo (entre eles, A Paixão de Cristo, de Mel Gibson e Entrevista, de Federico Fellini) também participa. O alemão Richard Sammel esteve numa das últimas obras de Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios, e atuou também em 007 – Cassino Royale). Ivo Canelas, português, completa o time de atores. Nascido em Lisboa, Canelas já atuou em quase vinte filmes, entre eles, O Mistério da Estrada de Sintra e Call Girl, atuações que lhe renderam o Globo de Ouro de melhor ator, em 2007.

Co-produção

A Montanha está sendo realizado graças a um acordo de co-produção estabelecido entre três países: Brasil, Itália e Portugal. Orçado em R$ 9 milhões, o longa tem como produtoras brasileiras a Três Mundos Produções (Isabel Martinez) e a Primo Filmes (Matias Mariani). O País entrará com 60% da produção. A Itália (Vedeoro) e Portugal (Stopline) completam o 40% restantes.

O projeto foi contemplado com Ibermedia, Luso Brasileiro e o prêmio do Ministério de Cultura Italiano.

O diretor, Vicente Ferraz

O carioca Vicente Ferraz estudou comunicação na PUC – Rio; depois passou pela Escola de Cinema e Televisão de Santo Antonio de Los Bãnos, em Cuba. Nos anos 90 voltou para a ilha para ser professor da cadeira de Fotografia. Dirigiu vários curtas e documentários no Brasil, em Cuba, Costa Rica e Nicarágua.
Ferraz dirigiu Soy Cuba – O Mamute Siberiano, documentário que recebeu inúmeros prêmios, entre eles, o de melhor documentário do 33º Festival de Gramado e no Festival de Guadalajara. Foi também o único filme que representou o Brasil no Festival de Sundance 2005. Os últimos trabalhos do diretor foram a realização de O Último Comandante (premiado no Cine Ceará e no Festival de Trieste, ambos em 2010) e a estréia de Arquitetos do Poder no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.