Algumas linhas sobre "Estamos Juntos" e "Não Se Pode Viver Sem Amor"

 

Filme vencedor do Cine PE deste ano, “Estamos Juntos” é dirigido por Toni Venturi (“Cabra-Cega”) e acompanha a dolorosa rotina de uma jovem médica em São Paulo. A protagonista é interpretada por Leandra Leal, numa das melhores performances de sua carreira, perdendo talvez apenas para “Nome Próprio”.
A intensidade da atriz acompanha o ritmo forte da direção de Toni Venturi, que com o auxílio da fotografia de Lula Carvalho explora texturas com sua câmera para estabelecer um contraste entre o concreto, o asfalto, a poluição da capital paulista com a pele, os cabelos, o suor das pessoas que residem na cidade e vivem sua incessante rotina.
Apesar de perder um pouco o foco da trama ao incluir personagens secundários que tentam promover uma revolução nas ruas (poderia, também, ter reduzido a participação do “fantasma” com quem a protagonista divide a casa), Venturi consegue construir um retrato eloqüente e bastante contemporâneo, não apenas de uma juventude, mas de uma sociedade que parece perder o tato para relações humanas devido ao stress a que precisam se submeter diariamente. Infelizmenfgdte, o longa não teve boa recepção do público e ficou pouco tempo em cartaz.
Estamos Juntos (2011, Brasil)
direção: Toni Venturi; roteiro: Hilton Lacerda; fotografia: Lula Carvalho; montagem: Márcio Hashimoto; música: BiD; produção: Toni Venturi, Rui Pires, André Montenegro; com: Leandra Leal, Cauã Reymond, Dira Paes, Nazareno Casero, Débora Duboc, Sidney Santiago, Lee Taylor, Marat Descartes, Luíza Micheletti; estúdio: Olhar Imaginário, Aurora Filmes; distribuição: Imagem Filmes; 95 min

 

 



“Não Se Pode Viver Sem Amor”, mais novo trabalho do veterano cineasta Jorge Durán (diretor de “É Proibido Proibir” e roteirista de clássicos do cinema brasileiro, como “Pixote”, “Gaijin” e “O Beijo da Mulher Aranha”) narra histórias paralelas de personagens que se encontram no Rio de Janeiro às vésperas do Natal. Flertando com o cinema fantástico, o filme conta com boa direção, responsável por algumas bonitas cenas. O roteiro lembra a estrutura e o tom de trabalhos de diretores estrangeiros renomados, como “Short Cuts – Cenas da Vida”, de Robert Altman, e “Magnólia”, de Paul Thomas Anderson. Mas a lembrança fica aí, já que Durán parece não encontrar tempo suficiente para desenvolver os temas a que se propõe trabalhar.
No elenco, destaca-se o trabalho de dois jovens atores que sempre engradecem os filmes nos quais atuam: Cauã Reymond (“Ódiquê”) e Fabíula Nascimento (“Reflexões de um Liquidificador”). Os mais experientes Simone Spoladore (“Lavoura Arcaica”) e Ângelo Antônio (“2 Filhos de Francisco”) também fazem um ótimo trabalho, mas a fragmentação da narrativa acaba por diminuir o impacto dramático que suas atuações poderiam causar, caso as subtramas de cada personagem fossem exploradas com mais calma. Ironicamente trágico o filme falhar justamente nesse ponto, considerando que Durán é um experiente roteirista.
Não Se Pode Viver Sem Amor (2011, Brasil)
direção: Jorge Durán; roteiro: Dani Patarra, Jorge Durán; fotografia: Luís Abramo; montagem: Gabriel Durán; música: Diego Fontecilla, Cristian Schmidt; produção: Gabriel Durán, Jorge Durán; com: Cauã Reymond, Simone Spoladore, Angelo Antonio, Fabiula Nascimento, Maria Ribeiro, Victor Navega Motta, Babu Santana, Rogério Fróes; estúdio: El Desierto Filmes; distribuição: Pandora Filmes. 102 min