Cine Humberto Mauro exibe mostra online dedicada à cultura mineira

Minas Gerais completou 300 anos na última quarta-feira, dia 2 de dezembro, e acaba de ganhar uma mostra dedicada à história de sua cultura. A mostra “Cinema e Patrimônio Histórico em Minas Gerais” surge como mais uma potência de celebração, difusão e valorização do patrimônio do estado. O evento acontece online, até dia 20 de dezembro, e é realizado pela Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, em conjunto com o Centro Técnico Audiovisual (CTAv), o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) e o Arquivo Público Mineiro (APM).

São 34 filmes, entre curtas e longas, disponíveis gratuitamente na plataforma virtual exclusiva do Cine Humberto Mauro. Além das exibições, a mostra conta com debates sobre cinema, difusão e preservação do patrimônio histórico dentro das consagradas séries História Permanente do Cinema Especial e Cinema e Psicanálise.

Destaques da mostra



Humberto Mauro dá nome à sala de cinema do Palácio das Artes e foi contemplado, em 2014, com uma grande retrospectiva. Hoje, além do programa exclusivo de curtas, a mostra conta com um dos longas-metragens mais renomados do diretor, “Sangue Mineiro” (1930). O filme tem direção de fotografia de Edgar Brasil e enaltece os aspectos naturais e urbanos de Minas Gerais com cenas e planos gerais do estado.

“O Padre e a Moça” (1965), de Joaquim Pedro de Andrade, também compõe a programação. Livremente inspirado no poema “O padre, a moça”, de Carlos Drummond de Andrade, o filme se passa em uma cidade mineira na qual Mariana (Helena Ignez) se apaixona por um padre (Paulo José) recém-chegado em missão sacerdotal. Outros destaques: “Sagrada Família” (1970), de Sylvio Lanna, um dos expoentes do chamado Cinema de Invenção, que narra a trajetória de quatro membros de uma família burguesa que se desfazem de seus bens materiais e, consequentemente, de sua história; e “Cabaret Mineiro” (1979), de Carlos Alberto Prates Correia.

“O Padre e a Moça”, de Joaquim Pedro de Andrade/ Reprodução

Os longas contemporâneos “Pipiripau, O Mundo de Raimundo” (2013), de Aluízio Salles Jr, “YãmĩYhex: As Mulheres-Espírito” (2019), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali e o documentário em homenagem ao músico e compositor Flávio Henrique “Antes que o tempo defina o que sou” (2019), de João Borges, se unem ao conjunto de exibições. Também os curtas-metragens “A Hora Vagabunda” (1998), de Rafael Conde, “Ãgtux” (2005), de Tania Anaya, “Armazém de Imagens” (2010), de Maria de Fátima Augusto, “Carga Viva” (2013), de Débora de Oliveira, “Moto-Perpétuo” (2015), de João Borges e “Nove Águas” (2019), de Gabriel Martins.

Coleção de curtas-metragens CTAv

O CTAv apoia o desenvolvimento da produção cinematográfica nacional, dando prioridade ao realizador independente de filmes de curta, média e, eventualmente, longa-metragem. O Centro é responsável pela disponibilização das cópias dos curtas metragens de Humberto Mauro, cineasta natural de Volta Redonda que é amplamente considerado o pai do cinema brasileiro, projetando o cinema mineiro para escala nacional e mundial.

Produzidos pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo entre 1956 e 1959, os curtas-metragens de Humberto Mauro incluídos na mostra apresentam um retrato de cidades históricas mineiras, abrangendo suas origens, particularidades e belezas arquitetônicas e naturais. O cineasta atribui destaque para a arte de Aleijadinho, artista barroco que imprimiu seu talento em diversas igrejas e monumentos da região. O passeio artístico e cultural continua com curtas de Geraldo Santos Pereira e Tato Taborda pela vida e costumes no interior de Minas Gerais.

Já Olívio Tavares de Araújo, Luis Carlos Barreto e Padre Massote são responsáveis pelos registros de manifestações folclóricas, celebrações e folguedos em cidades mineiras. Com curtas produzidos na década de 1970, os diretores revelam as origens históricas das festas populares, nutridas por lendas e contos da tradição oral e religiosidades da população de Minas.

Coleção de documentários IEPHA

O IEPHA, instituição que pesquisa, protege e promove os bens culturais de natureza material e imaterial de Minas Gerais, fornece sessões especiais da Coleção Documentos do Patrimônio Imaterial, com os documentários “Comunidade dos Arturos” (2013) e “O quê do Queijo” (2018), de Paulo Henrique Rocha, “Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte” (2013), de Jason Barroso Santa Rosa, “Violas: o fazer e o tocar em Minas Gerais” (2018), de Felipe Chimicatti e Rafael Bottaro e “Folias de Minas” (2019), de Felipe Chimicatti e Pedro Carvalho.

E o Arquivo Público Mineiro, que planeja e coordena a gestão de documentos, executando o recolhimento, a organização e a preservação de materiais provenientes do Poder Executivo de Minas Gerais e dos arquivos privados de interesse público e social, está contemplado na sessão Memórias das Minas, que conta com os curtas metragens “Veredas Mortas”, de Victor de Almeida, “Polís”, de Marcos Pimentel, e “Toda a Memória das Minas”, de Geraldo Veloso, um dos nomes mais importantes da história do cinema mineiro, falecido em 2018.

“O Quê do Queijo” (2018), de Paulo Henrique Rocha/ Reprodução

Debates

Nos dias 7, 9 e 11 de dezembro, às 19h30, os longas “Sagrada Família”, “Cabaret Mineiro” e “Antes que o tempo defina o que sou” terão uma sessão comentada, respectivamente. O primeiro, terá comentários do próprio diretor do filme, o segundo será comentado por um especialista na carreira do cineasta, e o terceiro terá um bate-papo com a equipe realizadora do filme. No dia 14 de dezembro, às 19h30, haverá uma live de encontro entre o Arquivo Público Mineiro e o Cine Humberto Mauro para discussão sobre preservação e difusão do patrimônio cinematográfico de Minas. E em parceria com a Escola Brasileira de Psicanálise, no dia 4 de dezembro, às 19h, o debate sobre “O Padre e a Moça” terá comentários da psicanalista Ângela Bernardes.

SERVIÇO
Mostra Cinema e Patrimônio Histórico em Minas Gerais
De 4 a 20 de dezembro de 2020
Online | Gratuito
Mais informações e programação completa aqui.

Com informações da assessoria de imprensa da Fundação Clóvis Salgado.