Quebra de Confiança

O diretor Billy Ray gosta de mostrar os bastidores de escândalos que abalaram seu país. Primeiro foi com “O Preço de uma Verdade”, que mostrava como o repórter Stephen Glass fabricou várias reportagens para a conceituada revista The New Republic. Agora, vem contar a história do funcionário do FBI que durante 22 anos vendeu segredos americanos aos russos causando um prejuízo orçado em bilhões de dólares.

Interpretado com maestria por Chris Cooper, Robert Hanssen era um católico fervoroso capaz de atender à missa todas as manhãs antes de ir ao trabalho, mas também capaz de gravar escondido suas relações sexuais com a esposa para enviá-las a um amigo, representando a dualidade que o diretor e roteirista Billy Ray tende a mesclar durante todo o filme. Uma dualidade que também se estende por todos os personagens secundários, como a personagem de Laura Linney, que sente um ódio pessoal por Hanssen: em suas próprias palavras, todo o trabalho feito por ela foi desfeito por Hanssen em pouco tempo, fazendo-a se sentir inútil. Ou como no personagem de Ryan Phillippe, que, tentando descobrir os segredos de um homem muitas vezes mais esperto do que ele, se transforma em um mentiroso hábil capaz de manipular Hanssen através da religiosidade e da pouco estima do mesmo.



O show é mesmo de Chris Cooper. Mostrando um personagem extremamente rico em detalhes, mas que não demonstra seus sentimentos, a não ser em pouquíssimos momentos no filme, Cooper consegue fazer o espectador ter pena e repulsa de um indivíduo que por diversos momentos mostra-se superior e ao mesmo tempo patético.

“Breach” é possivelmente um filme a ser lançado diretamente em vídeo no Brasil, mas valeria uma ida ao cinema.*

nota: 7/10 — vale o ingresso

Quebra de Confiança (Breach, 2007, EUA), dir.: Billy Ray – em cartaz nos cinemas

*Post publicado originalmente em 24/02/07. Ainda bem que queimei a língua.