É Tudo Verdade: Eduardo Coutinho vs. José Padilha

A organização do festival É Tudo Verdade, principal evento do filme documentário no Brasil, divulgou os trabalhos selecionados para sua 14ª edição, que acontece de 25 de março a 5 de abril, simultaneamente em São Paulo e Rio de Janeiro, chegando em Brasília de 13 a 26 de abril.

Dois gigantes estão entre os 12 concorrentes: o mestre Eduardo Coutinho e o sempre polêmico e interessante José Padilha – que volta de Berlim, onde acabou de exibir seu “Garapa”, provocando um baque em quem viu. O filme trata da fome no nordeste e parece usar uma narrativa convencional da ficção para aproximar o espectador dos personagens (afinal, Padilha fez uma comparação com a identificação do público com Luke Skywalker em “Star Wars” quando apresentou a platéia em Berlim, citação no mínimo inusitada).

Coutinho apresenta “Moscou”, rodado aqui em Belo Horizonte no ano passado. Gira em torno do Grupo Galpão, com diretor e atores montando uma peça de Tchecov (daí o título), não para o palco, mas para o cinema. Há quase exatamente um ano, eu entrevistei o Coutinho para a Rádio Inconfidência, por telefone, uma semana após ele ter terminado as filmagens. Na época, o filme ainda não tinha forma ou previsão de estréia, quanto mais título. Bom saber que em breve o teremos nas telas.



Aliás, só uma nota: Coutinho é o diretor que eu mais entrevistei – quatro vezes. Cada uma delas inesquecível: o cara é o cara. Clique abaixo para ouvir a entrevista:

Segue a lista dos demais selecionados para a competitiva brasileira do É Tudo Verdade 2009:

“A Chave da Casa”, de Paschoal Samora e Stela Grisotti (SP, 68 min) – Dois momentos na vida de exilados palestinos de origem iraquiana: o cotidiano num campo de refugiados entre Jordânia e Iraque e os desafios da adaptação em suas novas vidas no Brasil.

“Cidadão Boilesen”, de Chaim Litewski (RJ, 92 min) – Um exame do financiamento da repressão violenta à luta armada no Brasil por grandes empresários, a partir da trajetória do dinamarquês Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do grupo Ultra executado pela guerrilha urbana por suas ligações com a Oban.

“Cildo”, de Gustavo Rosa de Moura (RJ, 84 min) – A vida, a obra e as idéias de Cildo Meirelles, um dos principais artistas plásticos brasileiros, vencedor do Prémio Velásquez em 2008.

“Corumbiara”, de Vincent Carelli (PE, 117 min) – Em 1985, a gleba Corumbiara, no sul de Rondônia, foi cenário de um massacre de índios isolados. Desde então o documentarista Carelli luta com sua câmera contra o esquecimento. É hora de balanço.

“Sobreviventes”, de Miriam Chnaidermann e Reinaldo Pinheiro (SP, 52 min) – Diversos personagens de diferentes sexos, profissões e origens sociais relatam em primeira pessoa sua viagem particular a uma situação limite.

Mais informações, curtas e longas estrangeiros selecionados, no site oficial.

A propósito: o Canal Brasil exibe a partir deste sábado, 7, a nova temporada do “É Tudo Verdade na TV”. Sempre às 21h, com reprise aos domingos, às 14h. A programação está bastante atraente, confira:

07/03 – “Justiça”, de Maria Augusta Ramos
14/03 – “Pindorama – A Verdadeira História dos Sete Anões”, de Roberto Berliner, Lula Queiroga e Leo Crivellare
21/03 – “Pachamama”, de Eryk Rocha
28/03 – “Linha de Montagem”, de Renato Tapajós
04/04 – “O Engenho de Zé Lins”, de Vladimir Carvalho
11/04 – “Waldick – Sempre no Meu Coração”, de Patrícia Pillar
18/04 – “Notícias de uma Guerra Particular”, de João Moreira Salles
25/04 – “Coutinho.doc – Apartamento 608”, de Beth Formaginni