Número 23

É incrível como Joel Schumacher é incapaz de fazer dois filmes bons em seqüência. Este “Número 23” vem depois “O Fantasma da Ópera”, que muitos não gostam, mas que considero um belo musical. Antes veio o fraco “O Custo da Coragem”, precedido pelo ótimo “Por Um Fio”, e assim vai: “Em Má Companhia” vs. “Tigerland”; “8MM” vs. “Ninguém é Perfeito”…

“Número 23” é uma bobagem. Parece que o roteirista Fernley Phillips acreditou que juntar um monte de coincidências númericas era o suficiente para escrever um filme. Enganou-se e junto tenta enganar o espectador. Mas o que surpreende é que este é um filme de suspense… sem suspense! Aí a culpa já é de Schumacher, que não consegue criar uma cena sequer de tensão.

De Jim Carrey eu não esperava muito, não por não gostar do ator (pelo contrário, sou fã do cara), mas por saber que ele não é bom para esse tipo de material dramático. Quando ele pega projetos como “O Show de Truman”, “O Mundo de Andy” e “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”, consegue se sair muito bem. O que esses três filmes têm em comum? São dramas, mas seus personagens possuem um lado cômico que Carrey, comediante nato, sabe aproveitar. São filmes feitos para ele. Já em “Cine Majestic” e em “Número 23”, Carrey não tem espaço. E quando tenta encontrar algum, provoca riso involuntário na platéia e é vítima de cenas que beiram o ridículo – aqui, mais uma vez, por culpa de Schumacher, que teve a péssima idéia de maquiá-lo como um detetive obscuro cheio de tatuagens (e que toca saxofone, uau!). Uma coisa simplesmente não combina com a outra.



Admiro a coragem de Carrey de se arriscar em papéis assim. Só espero que este lhe sirva de lição.

nota: 4/10 — não se culpe por não ver

Número 23 (The Number 23, 2007, EUA), dir.: Joel Schumacher – em cartaz nos cinemas.