Infância Roubada

Tsotsi é um jovem que vive em uma região pobre da África do Sul. Junto com três amigos, ele pratica assaltos dentro do metrô e outros pequenos crimes. Tsotsi (que não revela seu nome verdadeiro nem ao melhor amigo) demonstra ser frio e violento, e, quando está com uma arma nas mãos, dificilmente consegue ser controlado. Pense em um Zé Pequeno com um pouco mais de tolerância e racionalidade.

Tsotsi também possui um grau maior de sensibilidade do que o memorável personagem de “Cidade de Deus”, lado este que ele não consegue mais esconder depois que um bebê seqüestrado por engano entra em sua vida. A partir deste encontro, o diretor-roteirista Gavin Hood analisa a trajetória do personagem, que passa a se enxergar na criança. O bebê o faz se lembrar do seu passado, o que o coloca em um dilema sobre o que fazer com aquele ser indefeso: livrar-se dele ou entregá-lo aos pais?



Junto com o diretor de fotografia Lance Gewer, Hood demonstra ter um ótimo olho para composição, utilizando a iluminação e a disposição dos atores e objetos em cena para formar inúmeros belos quadros. Cria também uma ambientação asfixiante, como se quisesse mostrar que há quase nenhuma saída para aquelas pessoas na miséria sul-africana. Repare que o céu é predominantemente avermelhado, dando sinal de pouca esperança. O único momento em que ele aparece azul é depois que Tsotsi encontra a “mãe adotiva”, para ele e para o bebê.

Ajudado pela atuação simples e eficaz do protagonista Presley Chweneyagae, Hood faz de “Infância Roubada” uma bela história de rendenção, bem filmada e fotografada. Um trabalho surpreendente de um diretor em quem é bom ficar de olho.

nota: 8/10 — vale o ingresso

Infância Roubada (Tsotsi, 2005, África do Sul/Reino Unido), dir.: Gavin Hood – em cartaz nos cinemas