INDIE 2010: A Vida Durante a Guerra

Assistir a “A Vida Durante a Guerra” me deu vontade de rever os filmes anteriores de Todd Solondz. Rever mesmo. Com um novo olhar. Um olhar, talvez, mais maduro. Me lembro de quando vi “Felicidade” e “Histórias Proibidas”. Exagero meu, talvez, achei, na época, um trabalho quase genial. Uma crítica pungente e mordaz da classe média americana narrada como poucas. Ao assistir a “A Vida Durante a Guerra” não pude deixar de não me decepcionar.

Não é um filme ruim. Longe disso. Solondz retoma seus personagens de “Felicidade”, mas com novos atores, e faz, como sempre, um retrato sagaz, engraçado e exagerado da classe média americana. É impossível não rir de alguns diálogos desconfortávels de “A Vida Durante a Guerra”, algo que o diretor sempre fez bem. Solondz não é um artista da imagem. É um artista do texto. Mas não existe frescor neste texto. É uma reunião das já conhecidas críticas da paranóia americana, a obsessão por vencer, o medo e a impossibilidade de ser autêntico. E o fato do filme parecer um monte de esquetes reunidas não ajuda no resultado final.



“A Vida Durante a Guerra” me parece raso, óbvio. Imaturo. Sabe aquela pessoa que tem uma convicção forte em relação a alguma coisa qualquer e tenta passar para frente o que acredita, de forma quase irritante, através de exemplos óbvios, que nunca se aprofundam? É com essa sensação que saí do cinema.

A Vida Durante a Guerra (Life During Wartime, EUA, 2010)
direção: Todd Solondz; roteiro: Todd Solondz; fotografia: Edward Lachman; montagem: Kevin Messman; música: Doug Bernheim; com: Ally Sheedy , Shirley Henderson, Michael K. Williams, Allison Janney, Michael Lerner, Dylan Riley Snyder, Ciarán Hinds, Renée Taylor, Paul Reubens, Charlotte Rampling. 98 min