INDIE faz sua primeira edição online com inédita mostra competitiva

De 4 a 11 de novembro, o INDIE, festival de cinema independente criado em 2001, realiza pela primeira vez uma edição online. O público de todo o Brasil poderá acompanhar a programação diretamente no site do festival, bastando apenas fazer um cadastro. As exibições são gratuitas.

Com curadoria de Daniella Azzi e Francesca Azzi, o INDIE 2020 conta com 35 filmes, de 16 países, entre longas e curtas. Durante os oito dias do festival, as sessões serão realizadas como se acontecessem numa sala de cinema, com horário marcado e possibilidade de “ingressos esgotados”. As exibições começarão sempre a partir das 15h e os filmes terão limites de views/espectadores, que variam de 200 a 800 por sessão. Portanto, fora do horário previsto ou se alcançarem o limite de views, os filmes ficaram indisponíveis.

De acordo com os organizadores, a realidade imposta pela pandemia de Covid-19, com os cinemas fechados ou ainda com muitas restrições, levou cada festival a se adaptar à sua maneira, e para o INDIE era importante enfatizar que não se tratava de mais um dos diversos serviços de streaming disponíveis. Dessa forma, o formato escolhido reproduz um pouco dos festivais presenciais. De acordo com o festival, a palavra definidora para o INDIE é “curadoria”, que estabelece para o espectador sugestões do que ver e como ver de maneira já pré-definida. Ainda segundo os organizadores, a ideia das sessões traz o conceito de comunidade, todos assistindo ao mesmo tempo a um filme, como no cinema.



Mostra competitiva

"Edição Ilimitada", de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin e Romina Paula
“Edição Ilimitada”, de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin e Romina Paula

Pela primeira vez em 19 edições, o INDIE realiza uma Mostra Competitiva. Foram selecionados oito filmes, em que latinos e asiáticos dominam o programa. Há realizações de diretores veteranos e estreantes, documentário e ficções.

O cinema latino está representado em “Sanctorum”, do mexicano Joshua Gil; “Agosto” do cubano de Armando Capó; e o filme argentino dirigido por quatro diretores de diferentes gerações, “Edição Ilimitada”, de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin e Romina Paula.

O diretor americano James Benning compete com “On Paradise Road”. O primeiro filme da jovem diretora chinesa Zheng Lu Xinyuan, que ganhou o Tiger Awards no Festival de Roterdã, “Uma nuvem no quarto dela”, se junta a trabalhados de outros diretores da nova geração do cinema asiático como Liu Shu, com o seu segundo filme, “Lost Lotus”; o japonês Kazuhiro Soda, que tem seu próprio método observacional de produção de documentários, em “Zero”; além de “Love Poem”, de Wang Xiaozhen, que é ator e diretor do filme e brinca com as noções de real e interpretação.

Retrospectiva

"The Unspeakable Act", de Dan Sallitt - Divulgação
“The Unspeakable Act”, de Dan Sallitt – Divulgação

O INDIE 2020 apresenta na seção Retrospectiva o cinema do diretor americano Dan Sallitt. Um dos principais autores do cinema independente americano contemporâneo, Sallitt traz filmes com uma aparente simplicidade que se revelam de alta complexidade, seja em diálogos cotidianos ou em pequenos acontecimentos que se mostram de grande relevância. Sallitt, que nasceu na Pensilvânia, em 1955, além de cineasta, é roteirista, foi crítico de cinema, além de escrever para várias publicações como The Chicago Reader, Slate e MUBI. A retrospectiva exibe todos os filmes de Sallitt, inclusive seu último trabalho, o curta “Caterina” (2019), e os longas “Fourteen” (2019), “The Unspeakable Act” (2012), “All the Ships at Sea” (2004), “Honeymoon” (1998) e “Polly Perverse Strikes Again!” (1986).

Pré-estreias

"Vitalina Varela", de Pedro Costa - Divulgação
“Vitalina Varela”, de Pedro Costa – Divulgação

Nove filmes em pré-estreia estão na seção Première. Baseado na experiência da produtora Zeta Filmes na realização do INDIE e na ação nas redes sociais #zetanaquarentena, o programa propõe sessões únicas de filmes inéditos do circuito que tiveram seus lançamentos interrompidos pela pandemia.

Acreditando que um dia as pessoas irão voltar ao espaço físico do cinema com confiança, a programação traz os últimos filmes de diretores como Wayne Wang (“De volta para casa”), Koji Fukada (“Perfil de uma mulher”), Angela Schanelec (“Eu estava em casa, mas…”), Pedro Costa (“Vitalina Varela”), Jennifer Reeder (“Knives and Skin”), Albert Serra (“Liberté”), Seamus Murphy (“PJ Harvey: Um cão chamado dinheiro”), além dos filmes do brasileiro Leandro Lara (“Rodantes”) e a coprodução Argentina/Brasil em “A Barqueira”, a estreia da argentina Sabrina Blanco.

Convidados

"Vapor", de Apichatpong Weerasethakul - Divulgação
“Vapor”, de Apichatpong Weerasethakul – Divulgação

Para a Sessão Especial, o INDIE convidou o diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul para escolher uma das suas obras para o festival online. O diretor escolheu o curta “Vapor”, de 2015, que mostra a cidade onde Apichatpong mora sendo envolvida por nuvens brancas de inseticida. Para ele, o filme é especial porque trata da casa e de como o meio-ambiente cria essa condição especial para cada um de nós, principalmente depois da experiência com a quarentena.

Outro filme convidado foi o longa “Memórias do meu corpo”, do diretor indonésio Garin Nugroho, que trata a questão da sexualidade como uma questão política. Para Nugroho, o filme “é uma afirmação e uma crítica. Afirma que a mistura de masculinidade e feminilidade sempre foi uma parte normal da natureza e tradição. Também critica a violência contra o corpo em contextos sociais e políticos”.

Para complementar o programa, o INDIE convidou a diretora americana Jennifer Reeder a escolher alguns curtas realizados por ela. Sua obra traz a marca do universo feminino, jovem e adolescente, para o cinema que realiza. O público poderá ver, em “Jennifer Reeder: FFDF (FEMINIST FUTURE DREAM FEVER)”, quatro curtas da diretora em que o uso da música, através de versões à capela, de coros e bandas, de músicas pop e metal; a estética high school do interior americano; e o marcante trabalho com o imaginário adolescente, principalmente feminino, criam uma identidade única para seus filmes sobre relacionamentos, traumas, as angústias e como amadurecer com essas experiências.

Fluxus

"O Diário das Árvores", de Alexandra Lerman - Divulgação
“O Diário das Árvores”, de Alexandra Lerman – Divulgação

Seis curtas nacionais e internacionais foram escolhidos exclusivamente para a versão online do INDIE e estão no programa Sessão Fluxus. O nome do programa, Fluxus, é uma referência ao festival pioneiro de exibição de filmes na internet, que teve sua primeira edição há 20 anos atrás e foi realizado até 2011 também pela Zeta Filmes. O Fluxus exibia apenas curtas no ambiente virtual e depois realizou exposições audiovisuais nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O programa exibirá produções do Irã, Brasil, Suíça, Índia, Estados Unidos e Alemanha, com destaque para a videoarte “Motriz”, do mineiro Rodolfo Magalhães; o documentário indiano “Ritu vende online”, de Vrinda Samartha; e o filme de ficção suíço “Leo”, de Fabienne Mahé.

Serviço

INDIE 2020
4 a 11 de novembro
Sessões gratuitas e online
Site: www.indiefestival.com.br
Instagram: @indie_festival
Twitter: @indiefestival
Facebook: indiefilmfestival

Com informações da assessoria de imprensa do INDIE.