Corte Rápido: JOGADA DE MESTRE

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Um caso policial que poderia ter sido desenvolvido num filme de forma que a ação fosse psicológica. O mais interessante, considerando que os sequestradores aqui são amadores, seria explorar suas motivações.

Ao invés disso, o diretor sueco Daniel Alfredson parece achar que está realizando um filmaço de ação. Ele transforma o micro em macro, só que não tem esse talento todo. Já havia mostrado nos dois últimos filmes da trilogia “Millennium” (baseada nos livros de Stieg Larsson) que é um cineasta limitado, que parte para o genérico ao invés de buscar o diferencial, recorre sempre às saídas mais fáceis.



Por isso “Jogada de Mestre” nunca é satisfatório: se desde o início sabemos que a motivação dos rapazes (entre eles, os atores Jim Sturgess, Sam Worthington e Ryan Kwanten) é simplesmente pegar o dinheiro, sem que haja uma contextualização mais aprofundada desse motivo, a não ser o fato de quererem o dinheiro, por que vamos nos envolver e nos importar com aquelas pessoas?

O mesmo serve para o personagem do Anthony Hopkins: ele é apenas o refém. Nós não sabemos se ele tem algum passado condenável ou mesmo se é um cara bom que calha de ser milionário. E o que o filme faz é usar o clichê da referência ao Hannibal Lecter, personagem mais famoso do ator: ele tenta ser um sujeito carismático para o espectador, pois usa uma persona conhecida dele, mas nada além.

Há ainda umas coisas sem sentido, por exemplo: por que eles precisam assaltar um banco? Já que estavam com dinheiro, por que seguiram com o plano do sequestro? Por isso um filme que explorasse as motivações psicológicas dos personagens poderia ter sido mais satisfatório. ■

[A ideia do Corte Rápido é fazer um comentário simples, seja uma primeira impressão sobre um lançamento, seja uma breve reflexão sobre um filme revisto recentemente.]